Foi enterrado pouco antes das 10 horas da manhã deste sábado no cemitério São João Batista, no Rio, o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro. Aos 73 anos, ele morreu em casa na madrugada de sexta-feira (18), vítima de uma embolia pulmonar. O corpo do autor de clássicos como Sargento Getúlio e Viva o Povo Brasileiro foi sepultado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras (ABL), em que ocupava a cadeira 34 desde 1993.
Ao chegar ao cemitério, o filho Bento Ribeiro, ator e apresentador, contou que o livro que o pai deixou inacabado seria um apanhado de histórias ou crônicas do Leblon, bairro que o escritor adotou no Rio. “Não li nada. Quem lia as obras dele antes de ficarem prontas era a minha mãe. Comigo ele só comentou que estava mudando o narrador para escrever de um jeito mais baiano”, contou.
João Ubaldo foi enterrado com o fardão da ABL mas, por baixo dela, levava uma camiseta com o nome de Itaparica, “seu xodó” segundo a secretária particular Vania. Uma camisa do bloco de carnaval Areia, que desfila no Leblon, foi colocada sobre o caixão do romancista. A tradicional Padaria Rio Lisboa e o Bar Tio Sam também prestaram homenagem ao frequentador ilustre mandando coroas de flores.
A despedida ao baiano da Ilha de Itaparica começou às 8 horas na ABL, onde estava sendo velado desde ontem no Salão dos Poetas Românticos. Uma cerimônia religiosa foi seguida por uma homenagem dos colegas da ABL. A bandeira da ABL ficará hasteada a meio mastro em sinal de luto pela morte do escritor.
Familiares e amigos de Ubaldo estavam muito emocionados. O escritor deixa a mulher, a psicanalista Berenice Batella Ribeiro, e quatro filhos: o apresentador Bento Ribeiro; Francisca, que morava com o pai; Emilia, vinda de Salvador; e Manuela, que chegou na madrugada de hoje de Munique, na Alemanha, onde mora, para o enterro (ambas fruto de seu primeiro casamento).
O romancista vivia no Rio de Janeiro desde a década de 70. Na madrugada de sexta-feira, João Ubaldo se sentiu mal por volta das 3 horas da manhã em sua casa, no Leblon. Ele pediu socorro à mulher, que chamou os paramédicos, mas quando estes chegaram já era tarde.
Ao longo de sua carreira João Ubaldo Ribeiro recebeu reconhecimento com o Prêmio Camões - o mais importante para autores da língua portuguesa - e o Jabuti, pelo livro Viva o Povo Brasileiro. Também teve obras adaptadas para a televisão (O Sorriso do Lagarto) e teatro (A Casa dos Budas Ditosos). Sua última obra publicada foi O Albatroz Azul, de 2009. Também era cronista do Estado e de O Globo.
Despedida ao escritor
Parentes e amigos do escritor João Ubaldo Ribeiro voltaram à Academia Brasileira de Letras na manhã deste sábado para prestar as últimas homenagens ao acadêmico, morto na madrugada de ontem por embolia pulmonar.
O Salão dos Poetas Românticos, onde o corpo está sendo velado, foi reaberto às 8 horas. A filha Manuela, que voltou hoje da Alemanha, foi uma das primeiras a chegar. A mulher Berenice Ribeiro não saiu de perto do escritor e foi cercada pelos filhos Bento, Francisca e as filhas do primeiro casamento de João Ubaldo, Emília e Manuela.
Além da família, estavam presentes acadêmicos como Arnaldo Niskier, Nélida Piñon, Evanildo Bechara e o historiador José Murilo de Carvalho. Pouco antes das 9 horas uma missa foi rezada pelo monsenhor Sergio Costa Couto, capelão do Outeiro da Glória, que lembrou a pujança do pensamento e a personalidade do escritor. “Sempre me encantou em suas entrevistas a sinceridade de quem diz ‘eu não sei tudo’”.
O acadêmico Domício Proença Filho leu as palavras escritas pelo presidente da ABL, Geraldo Holanda Cavalcanti, que não pode comparecer por problemas de saúde na família. Ele lembrou a perda recente de outro membro da academia, Ivan Junqueira. “A casa está triste, está chocada. João Ubaldo parte de surpresa é o luto nacional”. O corpo segue agora para o Cemitério São João Batista, onde será enterrado no Mausoléu da ABL, às 10 horas.