Morreu nesta quarta-feira, aos 87 anos, o escritor, dramaturgo e poeta paraibano Ariano Suassuna decorrente de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. Ele estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Real Hospital Português, no Recife, desde a noite de segunda-feira. Suassuna morreu às 17h15, de parada cardíaca, provocada pela hipertensão intracraniana. A família ainda não informou os detalhes do funeral. Suassuna deixa a viúva Zélia Suassuna e os filhos Joaquim, Maria, Manoel, Isabel, Mariana e Ana.
Ariano Suassuna foi hospitalizado com um sangramento intracraniano e passou por cirurgias de procedimento emergencial. De acordo com o Hospital Português, em seguida ele foi encaminhado para a UTI Neurológica da unidade, onde não resistiu.
Em agosto do ano passado, Suassuna passou por duas internações seguidas. Sofreu um infarto do miocárdio e logo depois um aneurisma cerebral. Recuperou-se e estava em plena atividade. Foi o homenageado do bloco carnavalesco recifense Galo da Madrugada, no carnaval, e semana passada ministrou uma aula-espetáculo no Festival de Inverno de Garanhuns, no agreste pernambucano.
O autor de “O auto da compadecida” e “Romance de pedra do reino”, e um dos mais importantes nomes da literatura brasileira, nasceu em 16 de junho de 1927, em João Pessoa, e cresceu no sertão paraibano. Em 1942, mudou-se para o Recife. Sua primeira peça, "Uma mulher vestida de sol", ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno, em 1948.
Estudou na Faculdade de Direito da cidade, onde conheceu Hermilho Borba, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco e iniciou a carreira em atividade teatral com peças como "O castigo da soberba" (1953), "O rico avarento" (1954) e o "Auto da compadecida" (1955).
Anos depois, dedicou-se também à prosa de ficção publicando o "Romance da pedra do reino" e "O príncipe do sangue do vai-e-volta" (1971) e "História do rei degolado nas caatingas do Sertão/Ao Sol da Onça Caetana" (1976).
Membro da Academia Brasileira de Letras desde 1990, Suassuna foi tema de enredo no carnaval carioca por diversas vezes, inclusive em 2013, com sua mais famosa obra, "Auto da compadecida", pela escola de samba Pérola Negra, em São Paulo. Além disso, foi também criador e idealizador do Movimento Armorial, que tinha como objetivo criar uma arte erudita a partir de elementos tradicionais da cultura nordestina e desenvolver a expressão artística.
Curiosidade
Ariano construiu em São José do Belmonte, no estado de Pernambuco, local onde ocorre a cavalgada inspirada em seu primeiro romance, um santuário ao ar livre. Esse santuário tem 16 esculturas de pedra, com aproximadamente 3,50 metros de altura cada uma, que são distribuídas em um círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras imagens são do santuário São Jesus, Nossa Senhora e São José, que é o padroeiro do município. (Com agências)