"Ele estava todo ensanguentado, sujo, com formigas pelo corpo, em estado de choque", contou o pedreiro Natanael Israel Nunes, que voltava de uma pescaria com dois amigos, e se surpreendeu ao encontrar o garoto caminhando pela rodovia Mamede Ribeiro, que liga o município de Álvaro de Carvalho a Garça, no interior de São Paulo.
"Ele não falava nada. Estavam mudo, sem conseguir responder o que a gente perguntava. Estava em estado de choque", contou Tânia Lopes, conselheira tutelar que atendeu a ocorrência. "Pensávamos que se tratava de um caso de violência contra a criança, pois o garoto tinha um corte profundo nas costas. Jamais imaginávamos que fosse um acidente", disse o cabo da PM Tiago Peixoto de Souza, que atendeu a ocorrência e levou o garoto até a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da cidade de Garça, onde a criança foi atendida.
Depois de uma hora e meia, chegou à polícia a informação de que havia um pai, vítima de um acidente automobilístico ocorrido na mesma rodovia, procurando pelo filho. "Foi quando ligamos os fatos e constatamos que o menino era uma das vítimas do mesmo acidente", diz Tânia.
O pai do garoto, Anderson Tadeu Dias, perdeu a consciência e ficou preso nas ferragens do carro, um VW Voyage, que havia capotado e caído em uma ribanceira. A cadeirinha de Miguel foi arremessada para fora do veículo, mas mesmo ferido, ele conseguiu subir o barranco e caminhar pela rodovia por cerca de 200 metros, com o corpo coberto por uma mistura de terra e sangue, até ser resgatado.
"Ele perdeu muito sangue e foi um guerreiro para subir aquele barranco, que é alto e íngreme, ainda mais à noite", disse o PM.
A família do menino mora na fazenda Paraguaçu, em Álvaro de Carvalho, a menos de 500 metros do local do acidente. Dias tinha saído com o filho para fazer compras e, quando voltava para casa, perdeu o controle do veículo e caiu na ribanceira. Apesar do susto e ferimentos, pai e filho foram liberados e passam bem..