Das 12 mulheres assassinadas em Goiânia, em circunstâncias aparentemente semelhantes, oito delas foram mortas por criminosos diferentes. É o que aponta a investigação desenvolvida pela Polícia Civil até o momento. Na tarde de ontem, o Correio teve acesso aos detalhes da apuração por fontes da Secretaria de Segurança Pública e confirmados por pessoas do governo. A autoria e motivação desses oito casos — crime passional ou acerto de contas — já teriam sido esclarecidas no âmbito da investigação.
A Secretaria de Segurança Pública de Goiás, que patina desde o início do ano para elucidar os homicídios e sofre a cobrança diária de uma cidade acuada pelo medo, sabe que se trata de casos isolados. Do grupo de oito criminosos, os delegados que estão à frente dos trabalhos já têm as informações completas de cinco. Três mandados de prisão preventiva foram pedidos à Justiça. Os outros dois devem ser expedidos em breve. Em relação aos outros três assassinos, a polícia saberia quem são, no entanto ainda está finalizando algumas informações. Apesar das suspeitas, ninguém foi preso.
A força-tarefa, que conta com o reforço de sete delegados, 30 agentes e 10 escrivães, se concentra, agora, em quatro assassinatos em que as apurações ainda estão em aberto. De acordo com fontes da Secretaria de Segurança Pública, ouvidas em reserva pelo Correio, existem indícios fortes de que um mesmo criminoso matou duas ou três mulheres. Para a polícia, o assassino se “apropriou” das circunstâncias dos outros oito crimes e da comoção de que havia um serial killer solto na cidade para cometer os assassinatos. É justamente por isso que a cúpula da Polícia Civil ainda não descartou oficialmente a tese de que os crimes foram cometidos por um serial killer. Os investigadores também incluíram outros seis casos nas apurações, que não seguem as mesmas características de execução, mas podem ajudar no andamento dos trabalhos.
As apurações desenvolvidas em relação aos assassinatos esclarecidos apontam que os crimes foram cometidos por oito homens, todos em motocicletas, mas com capacetes diferentes, grande parte deles de cor escura. Os policiais chegaram à conclusão de que as motivações desses crimes estão relacionadas a acertos de contas ou questões passionais. Em relação aos acertos, a polícia apurou que, em alguns casos, há relação com dívidas de drogas. No entanto, as dívidas podem não ter sido contraídas pelas vítimas e, sim, por parentes ou pessoas próximas.
Não há, segundo a investigação desenvolvida até agora, absolutamente nenhuma pista em relação ao assassinato mais recente, o da estudante Ana Lídia de Souza, 14 anos, morta no sábado passado em um ponto de ônibus do Conjunto Morada Nova, em Cidade Jardim, na região noroeste de Goiânia. A investigação aponta que boatos espalhados por uma rede social de celulares ajudaram a criar um clima de pânico na cidade e a fortalecer a ideia de que há um serial killer à solta. Uma das mensagens indica, inclusive, a placa de uma moto que seria usada pelo assassino. Os policiais checaram e descartaram a informação.