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Estado de Minas

Aeroportos farão alerta sobre ebola

Mensagens sobre a doença serão veiculadas por orientação da OMS, que decretou emergência sanitária internacional


postado em 09/08/2014 07:00 / atualizado em 09/08/2014 07:35

Brasília – Aeroportos brasileiros começam a veicular mensagens de alerta aos passageiros sobre os riscos de ebola a partir de hoje. A decisão integra um pacote de medidas adotado pelo governo brasileiro horas depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar estado de emergência sanitária internacional por causa da doença (leia texto nesta página), que infectou pelo menos 1.779 pessoas na África Ocidental e provocou 961 mortes neste ano, até o dia 6. Não haverá restrição de viagens para áreas afetadas.

 A decisão, de acordo com o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, segue as recomendações feitas pela própria OMS. De acordo com ele, continua a avaliação de que é improvável a existência de um surto da doença no Brasil. “Não há risco de transmissão de ebola no Brasil. Não faremos restrições de viagens e vamos continuar a investigação e a vigilância epidemiológica dos viajantes”, afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro. Ele recomendou que profissionais de saúde brasileiros não viajem para a região afetada sem que haja um pedido oficial de autoridades sanitárias do Brasil.

O secretário esclareceu que a doença é transmitida somente quando a pessoa afetada já está com sintomas: febre, diarreia, vômito e hemorragias. Caso o paciente apresente o problema durante uma viagem, a tripulação do avião deve adotar uma série de medidas para isolá-lo e avisar autoridades sanitárias antes do desembarque. Nessas ocasiões, o avião é levado para uma área remota, e o doente, atendido por uma equipe do Samu e deslocado para um hospital de referência. As pessoas que tiveram contato com o paciente são acompanhadas. “Os sintomas não passam despercebidos. Bastam horas para os sinais evoluírem de dores no corpo para diarreia, vômitos e hemorragias”, explicou Barbosa. Ele lembrou que a doença não é provocada pela água, ar ou comida.

 O período de incubação pode variar entre dois e 21 dias. Barbosa admite haver a possibilidade de o paciente desembarcar no país ainda nessa fase. "Mas nesse estágio, a contaminação não ocorre. E, quando os sintomas surgirem, a gravidade é tamanha que dificilmente o doente deixará de procurar assistência médica”, afirmou.

Isolamento
O ministério enviou esta semana para os estados recomendações sobre como proceder caso os serviços de saúde recebam pessoas com suspeita de ter contraído o ebola. São considerados suspeitos pacientes que passaram, nos últimos 21 dias, por países de incidência da doença e tenham tido febre de início súbito com sinais de hemorragia, viajantes e profissionais de saúde que tiveram contato com pessoas doentes ou em rituais fúnebres. Numa situação de um paciente ser identificado, uma equipe de resposta será encaminhada do Ministério da Saúde para o local. O paciente deve permanecer em isolamento, num hospital de referência.

Somente o Instituto Evandro Chagas fará exames para identificar o ebola no Brasil. Ele é o único no país que oferece condições de segurança para isso. O secretário de Vigilância em Saúde observou que a OMS recomendou providências mais restritivas para países que vivem surto da doença. “Se a contenção ocorrer lá, o risco em duas, três, quatro semanas será reduzido e o mundo poderá ficar tranquilo”, disse Barbosa.

O governo brasileiro doou medicamentos para os países do oeste africano afetados pelo ebola. Os chamados “kit calamidade” poderão atender 5 mil pessoas por três meses e são compostos por 30 remédios e 18 insumos básicos de saúde para tratamento em hospitais. Entre eles, antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios e soros. Em junho foram doados quatro kits. Outros 10 estão sendo enviados neste mês.

Medidas para conter o surto
Genebra – Ao declarar o surto de ebola como uma emergência sanitária internacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou medidas para tentar frear a proliferação da doença, registrada em quatro países africanos, e admitiu que o surto, o maior desde que a doença foi descoberta, em 1976, está fora de controle. O anúncio foi feito ontem, em Genebra, na Suíça, depois de dois dias de reuniões entre os principais especialistas do mundo sobre a doença. Até então, apenas a pólio e a gripe A haviam sido declaradas como uma emergência internacional. “Esse é um evento extraordinário”, declarou Margaret Chan, diretora da OMS. “Minha decisão, baseada no que está ocorrendo e diante do risco que isso significa, foi de declarar uma emergência mundial”, afirmou.

O temor é de que a doença saia do Oeste da África e migre para grandes cidades, inclusive na Europa ou mesmo para centros comerciais do continente africano. Nos últimos dias, empresas como a British Airways e a Emirates deixaram de voar para a região mais afetada. Transmitida por vírus de mesmo nome, a doença é fatal em cerca de 90% dos casos. A infecção ocorre pelo contato com sangue, fluidos corporais de pessoa ou de animais – sobretudo macacos, porcos-espinhos, capivaras – infectados.

A OMS não restringiu viagens aos países afetados, como como Libéria, Sierra Leoa, Guiné e Guiné. “Isso teria um impacto econômico grande demais para essas economias”, declarou Chan. Mas exigiu que pacientes ou pessoa contaminadas permaneçam nos países – salvo em casos de autorização para tratamento – e que aeroportos estejam preparados para escanear cada um dos passageiros que tenha um voo para sair dos países. Pessoas suspeitas de estarem contaminadas ainda devem ficar em isolamento por 30 dias e todos os eventos públicos – como missas e jogos de futebol – devem ser anulados.

 Todos os países afetados devem declarar emergência nacional e reforçar fronteiras e controles em portos e aeroportos. Aos demais países, como no caso do Brasil, a entidade pede que governos estejam prontos para detectar casos, investigar e isolar suspeitos.


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