Os dois ativistas ficaram 45 dias presos após serem detidos durante uma manifestação contra a Copa do Mundo, na Avenida Paulista, no dia 23 de junho. Anteontem, o juiz Marcelo Matias Pereira, da 10.ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda, entendeu que a falta de comprovação de que a dupla portava explosivos "fragilizou" a necessidade de manter os ativistas presos.
Por ser ex-policial militar, Lusvarghi ficou detido em uma cela no 8.º Distrito Policial (Brás). Após ganhar a liberdade, ele foi direto para a casa de parentes em Jundiaí, no interior de São Paulo. "Fui orientado a não falar sobre o processo. Mas, assim que possível, ou quando o processo terminar, vou tentar uma autorização judicial e viajar para a Ucrânia", afirmou. Ontem, o ativista passou o dia conversando com amigos no Facebook. Ele postou uma foto fazendo pose e mostrando os músculos que ganhou enquanto esteve preso.
O professor de inglês disse que pretende se juntar aos separatistas ucranianos que querem a divisão do leste do país. Assim como os rebeldes, Lusvarghi se diz pró-Moscou.
Ele afirmou ter sido informado sobre os incidentes na região e sobre os imbróglios diplomáticos que ocorreram após a queda de um avião, supostamente derrubado por um míssil dos separatistas. "Tenho certeza de que os russos não fizeram isso. Eles jamais apoiariam esse tipo de atitude."
Já o técnico laboratorial Fábio Hideki Harano adotou a discrição e se comunicou por meio de uma carta divulgada pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp). Ele é um dos diretores da entidade. "Estou aliviadíssimo por finalmente me encontrar em relativa liberdade e o apoio que recebi foi, está sendo e será de enorme importância", diz, na carta, onde acrescenta ser inocente: "Reitero a certeza amplamente demonstrada sobre a minha inocência e a importância dessa e de tantas outras movimentações sociais".
Na próxima quarta-feira, o ativista deve conceder uma entrevista coletiva na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, na região central. O advogado de Harano, Luiz Eduardo Greenhalgh, disse que orientou o sindicalista a não dar entrevistas por enquanto. Os dois se reuniram na manhã de ontem. "Pedi para ele ler com calma o processo, tomar nota de todas as dúvidas e analisar as imagens que fizeram dele em outros atos", disse.
Magno de Carvalho, também diretor do Sintusp, esteve na reunião. "Ele (Harano) está muito forte, firme e consciente de que foi vítima", disse Carvalho, que também foi orientado a não comentar a prisão. .