De acordo com a diretora do Departamento de Água e Esgoto, Adriana Zamboni, a cidade capta apenas 30% da água na represa. Os outros 70% são retirados do Rio Araraquara, que está com nível muito baixo. "Nós precisamos de mais água do Jaguari, mas não conseguimos ampliar a captação na represa", disse Adriana.
Ela acredita que, com a transferência, vai ficar mais fácil ampliar o abastecimento. "A outorga para captação tem de ser dada pelo DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) que é Estado, como a Sabesp."
A prefeitura não foi consultada sobre o projeto do governo estadual de transpor parte da água da Represa do Jaguari para o Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo e apenas acompanha a pressão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) aumente a saída de água da represa. "Essa briga é entre São Paulo e o Rio e nós ficamos no meio do caminho, como meros expectadores", disse a diretora.
Nesta quinta-feira, 14, não tinha havido alteração na operação da represa, que mantinha nível em torno de 38%.
A população não tem certeza se o serviço vai melhorar com a Sabesp. "O que sei é que pago a conta todo mês e não tenho água nem para tomar banho", reclama Adão Adelino, de 61 anos, morador da Vila Nova Santa Isabel. A água que chega, segundo ele, não é suficiente para encher a caixa. Outro morador, André Luis de Souza, de 32 anos, reclama que o líquido sai da torneira com mau cheiro.
Parecer
De acordo com o engenheiro agrônomo Juarez Domingues de Vasconcelos, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul, que abrange a região paulista da bacia, o Rio Paraíba e seus reservatórios abastecem 60% dos municípios e a Sabesp já detém os serviços da maioria deles. "É natural que o governo de São Paulo queira reservar água para atender essa população e também para o Sistema Cantareira."
O problema, segundo ele, é o compromisso assumido na década de 1960, pelo qual as represas do Jaguari e do Paraibuna, no trecho paulista, garantiriam a liberação necessária para que um volume de 190 m3 por segundo de água siga para o Rio de Janeiro. "Se Jaguari não libera, a água tem de sair da Represa de Paraibuna, que deveria trabalhar com 45% da capacidade e está com 13%", disse.
Na última sexta-feira, a Sabesp apresentou oficialmente ao comitê o anteprojeto para a transposição das águas da Represa do Jaguari para a de Nazaré Paulista, do Sistema Cantareira. Vasconcelos preside o grupo de trabalho que dará parecer sobre o projeto em reunião marcada para segunda-feira (18)..