Antes de entrar no carro alugado, retirou do armário todos os santinhos e fotos com Arraes. Colocou tudo numa pasta velha que carregava ontem embaixo do braço. A família chegou ao Recife às 21h30 da quarta-feira e fez uma vigília no centro da cidade.
“Eduardo já foi na minha casa duas vezes. Sabia o nome de um dos meus meninos. Para mim, quem morreu não foi um ex-governador e candidato a presidente. Quem morreu foi um filho. Digo ao senhor com toda honestidade que este é o meu sentimento”, afirmou, mostrando um panfleto da campanha disputada por Campos em 2006.
Ontem, após a longa espera, seu Anchieta estava grudado na grade que separava o povo da entrada do Palácio do Campo das Princesas. O sol era muito forte. Fumando um cigarro de palha, ele não desgrudava os olhos de Renata Campos. “Ela vai me reconhecer”, dizia às pessoas próximas. Gritou algumas vezes, mas o barulho era grande demais e ela não escutou. Conseguiu ganhar um aceno de João, o filho mais velho de Eduardo. Vestido com uma camisa azul de mangas compridas, atacada até o pescoço, Anchieta participou de todo o cortejo que levou o caixão do ex-governador de Pernambuco ao Cemitério de Santo Amaro. Parecia cansado.
O Correio acompanhou o agricultor de perto. Por várias vezes, fazia o sinal da cruz e beijava medalhinhas que carregava nas mãos.
Várias caravanas vindas do sertão chegaram ao Recife logo nas primeiras horas da manhã de ontem. Muitas pessoas de chapéu de palha, símbolo das gestões de Miguel Arraes. Bandeiras de movimentos sociais estavam espalhadas pela Praça da República. O estudante Amaro José Bonifácio, 21 anos, levou um painel com a última declaração pública de Eduardo Campos. “Não vamos desistir do Brasil.