Ao falar com os jornalistas, a delegada confirmou que um novo vídeo, extraído pelos peritos do celular de Leandro depois de ter sido apagado e encaminhado ao processo na semana passada, tem imagens de uma briga familiar que reforça a acusação policial. "(O vídeo) mostra como o Bernardo era tratado dentro de casa", destacou a policial, que qualificou as cenas de "impactantes" e, sem descrevê-las, disse que há "ameaças de morte" e "maus tratos" ao garoto.
Em outra cena também recuperada pelos peritos e citada pela delegada, o menino segue orientação do pai, toma um medicamento não identificado e fica "grogue". Algumas transcrições obtidas pela imprensa dão ideia do material citado pela delegada. Durante a briga, segundo o jornal Correio do Povo, a madrasta chega a dizer que aconteceria com Bernardo o mesmo que aconteceu com a mãe dele, que se suicidou em 2010.
O depoimento da delegada, responsável pela investigação do caso e pela descoberta do corpo, no dia 14 de abril, foi o primeiro da série de 77 que o juiz vai tomar na fase de instrução do processo. Como o tempo ficou escasso, 22 das 33 testemunhas que seriam ouvidas durante o dia foram dispensadas e terão audiências remarcadas para outras datas. As outras dez falariam em sessão que avançará durante a noite, sem horário para acabar.
O inquérito da Polícia Civil e a denúncia do Ministério Público acusaram Leandro de ser o mentor do crime, Graciele de ser executora do plano e a assistente social Edelvânia Wirganovicz e o motorista Evandro Wirganovicz de cumplicidade. Todos estão presos.
A Justiça vai ouvir inicialmente as testemunhas que moram em Três Passos. Depois vai convocar as que residem em outras cidades. Ao todo, estão arroladas para prestar depoimento 25 testemunhas da acusação e 52 de defesa. Ao final serão tomados os depoimentos dos réus e colhidas as alegações finais das partes. O juiz decidirá então pela absolvição, condenação ou encaminhamento para o Tribunal do Júri. Não há data prevista para o final do processo.
Mais ameaças
Já o portal G1 cita a frase "vamos ver quem vai primeiro para baixo da terra", também de Graciele, e a reação do pai em meio à discussão, ofendendo o filho e mandando que ele se calasse. Os advogados de Leandro e Graciele não se manifestaram até o final do dia..