A polícia aguarda laudo do Instituto Médico Legal (IML) que dará informações cruciais para a investigação, como há quanto tempo o jovem morreu e a causa do óbito. Exame toxicológico também foi requisitado e deve levar 30 dias para ser entregue. Gotas de sangue recolhidas no velódromo onde a festa ocorreu também serão usadas para teste de DNA.
O corpo do estudante foi recolhido da raia olímpica por volta das 10h desta terça e levado ao Instituto Médico Legal (IML) central. Policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) estiveram no local, mas não falaram com a imprensa sobre o caso. Perícia técnica foi realizada.
Familiares e amigos de Santos estiveram na USP para reconhecer o corpo do jovem.
Emocionado, um pai de um amigo de Santos disse ter ido ao local a pedido da família. "Meu filho é amigo dele de infância. Estávamos buscando desde sábado. Não sei o que pode ter acontecido", disse Antonio, que é funcionário da prefeitura de Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo.
De acordo com o delegado Paulo Bittencourt, do 93º Distrito Policial (Jaguaré), que esteve no local na manhã desta terça-feira, o jovem não tem ferimentos expostos e aparentes que tenham sidos visualizados em um primeiro momento.
A raia olímpica fica a menos de 100 metros do velódromo, que sediou a festa na noite de sexta-feira e madrugada de sábado.
José Carlos Simon, professor de remo e diretor técnico do Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp), disse que no sábado pela manhã, data do desaparecimento do jovem, a raia recebeu treinos, mas não foi relatada nenhuma ocorrência. Toda a raia, que tem 2.500 metros de extensão, é cercada, e o acesso ocorre mediante autorização e apresentação de carteirinha em um dos quatro portões. Ela tem em média 2,5 metros de profundidade e não tem conexão com canal, córrego ou rio próximos.
"O acesso é restrito. Só entra com carteirinha. Vou saber se pulou? Estou aqui há 40 anos e nunca vi ninguém pular, cair na água e morrer", declarou Simon.
Desaparecimento
Santos foi visto pela última vez por volta das 4h de sábado após ter deixado a companhia de amigos para buscar cerveja dentro de uma festa no velódromo da USP. O evento comemorava 111 anos do Grêmio Politécnico da instituição e reuniu cerca de 5 mil pessoas.
A festa era "open bar" (com bebida gratuita no interior do espaço) e tinha ingressos entre R$ 30 e R$ 90, com participação de nomes nacionais da música como Marcelo D2 e CPM 22. Os artistas compartilharam em suas páginas da rede social Facebook a mensagem da irmã de Santos, Bruna Costa.
Ela lançou um apelo pela web com uma foto do desaparecido vestindo uma camisa preta com detalhes amarelos, a mesma que usava na noite da festa. "Já procuramos em todos os lugares possíveis e impossíveis. Fomos em todos os cantos e nada", disse Bruna à reportagem na tarde desta segunda-feira, 22. Ela acrescentou ter buscado em hospitais, delegacias e no Instituto Médico Legal (IML), sem sucesso.
Pela rede social, diversas pessoas comentaram relatando ter visto um rapaz parecido com Santos, que tem 1,80 metro de altura, ser retirado à força do evento por dois seguranças.
Em comentários da página, outros participantes da festa reforçaram a informação de que um jovem havia sido retirado do local por seguranças. "Vi dois seguranças lutando muito para tirar um rapaz de camiseta escura da festa. Chegaram a derrubá-lo no chão com uma rasteira. Um segurança caiu em cima dele. Fez um barulho bem forte no chão, não sei se ele bateu a cabeça. Assim que levantaram, expulsaram o menino e ele saiu cambaleando, sozinho", disse uma das testemunhas no Facebook.
A USP autorizou a realização da festa, que contava com 140 seguranças particulares contratados pelo Grêmio. De acordo com o presidente do Grêmio, André Simmonds, em nenhum momento houve desentendimento em que se necessitasse intervenção da equipe de segurança e retirada de participantes do local.
Pistas de que o jovem teria sido atendido na enfermaria próxima do evento também não foram confirmadas. Naquela noite e madrugada do dia seguinte, ninguém foi encaminhado ao hospital ou permaneceu por atendimento prolongado no local, segundo familiares.
O caso foi inicialmente registrado na 5ª DP de Osasco, onde o jovem morava. A investigação conta com apoio de equipes do DHPP da Polícia Civil paulista, onde familiares prestaram depoimento na tarde desta segunda-feira..