São Paulo, 30 - O casal Maria Cecília Leite e Laura Audi, ambas de 20 anos, se tornou em agosto mais uma vítima de homofobia em São Paulo. Poucos dias depois que dois homens foram reprimidos em um restaurante da Rua Augusta, na região central, sob o argumento de que aquele era um "local de família", as duas jovens tiveram de ouvir a mesma frase de um garçom quando se preparavam para almoçar.
O caso aconteceu no restaurante La Pasta Gialla, no Itaim-Bibi, zona sul. As duas deram selinhos, como qualquer casal de namorados, e estavam de mãos dadas quando o garçom as abordou e disse que as pessoas que frequentavam o restaurante poderiam se ofender. "Perguntamos se algum cliente havia reclamado e o garçom respondeu que não, mas que 'se ouviam comentários sobre um casal homossexua'", diz Maria.
Segundo o casal, a gerente também se mostrou indiferente e disse que "cada um tem a sua opinião" e que "as pessoas se incomodam com a presença de homossexuais".
"O que nos incomodou foi que a discriminação veio debaixo de um discurso educado e natural, como se fosse óbvio que erramos", afirma Maria.
Ação
Com a ajuda da mãe de Maria e de dois advogados, elas fizeram uma denúncia de conduta homofóbica na Secretaria de Justiça, uma queixa-crime contra o garçom e a gerente por injúria e pediram a instauração de um inquérito policial. "Esse também é um tipo de violência", diz o advogado criminal do casal, Marcelo Feller.
A rede de restaurantes diz ter recebido a informação com surpresa. "Em 13 anos de La Pasta Gialla, nunca ouvimos falar de um caso sequer parecido", disse, em nota. "O posicionamento transmitido é que é vetado qualquer tipo de discriminação contra cor, raça e orientação sexual." O restaurante ainda disse que, embora não tenha recebido notificação judicial, está apurando o caso com o máximo rigor.