Rio – O africano Souleymane Bah reagiu com alívio ao ser informado de que o resultado do exame de sangue deu negativo para ebola. Ele, no entanto, desde o início se mostrou convicto de que não tinha a febre hemorrágica, segundo os infectologistas José Cerbino e Marília Santini, responsáveis pelo tratamento do paciente no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fundação Oswaldo Cruz.
Souleymane chegou quieto e demonstrando ansiedade por causa da suspeita de ebola. Também sentiu desconforto pelo transporte de Cascavel (PR) para o Rio. “Fizemos o possível para deixá-lo à vontade. Ele sabia que havia o risco de ser Eebola, mas estava certo de que não tinha a doença”, afirmou Cerbino, que se comunica em francês com o africano. O paciente está isolado numa das alas do instituto. Quatro vezes por dia, uma equipe composta por médico, enfermeiro e funcionário da limpeza entram no ambiente para medir a temperatura, levar alimentação, entre outros procedimentos. Eventualmente, o grupo pode chegar a cinco, com mais um médico e mais um enfermeiro.
Na tarde de hoje, outra amostra de sangue será coletada e encaminhada para o Instituto Evandro Chagas, no Pará. No primeiro exame, uma equipe da Fiocruz viajou para levar a caixa com a amostra. Desta vez, não será necessário. A caixa terá quatro camadas de isolamento, por segurança. O resultado do segundo exame deve ser conhecido na noite de segunda-feira. “Clinicamente, ele está apto para receber alta médica, se o resultado negativo se confirmar. A saída dele do hospital vai depender da logística para levá-lo de volta ao Paraná”, afirmou Cerbino.
EXPOSIÇÃO Para o médico, a internação de Souleymane serviu como “exercício importante” para a equipe que vem sendo treinada desde julho. “Em nenhum momento houve exposição de profissionais ao risco de contaminação. Os equipamentos de proteção são necessários, mas não são suficientes se a equipe não estiver bem treinada”, afirmou.
O diretor do INI, Alejandro Hasslocher, informou que hoje a instituição tem capacidade para receber dois pacientes com suspeita de ebola. Caso haja um surto, os pacientes internados receberiam alta e os 32 leitos abrigariam pessoas com a febre hemorrágica. “Mas aí estaríamos numa situação de calamidade pública e não seríamos o único responsável pelo atendimento dos pacientes. Na verdade, é muito pouco provável que tenhamos caso confirmado de ebola. O que teremos serão suspeitas”, afirmou o diretor.