O aumento de 4 mil para 5 mil litros por segundo da vazão de água do Cantareira para o interior foi determinado na sexta-feira pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), a pedido do Comitê da Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), onde 5,5 milhões de pessoas dependem do Cantareira, incluindo Campinas.
O acréscimo de água para a região deveria sair exclusivamente da Represa Cachoeira, em Nazaré Paulista, que é a terceira maior do manancial e apresenta hoje o melhor nível de armazenamento: 24,9%.
Na prática, contudo, o aumento não ocorreu. A baixa vazão do Rio Atibaia reduziu a oxigenação nas águas e aumentou o nível de poluição, fazendo a Sanasa só conseguir captar e tratar 60% da demanda por água na cidade em pleno fim de semana de calor intenso, quando o consumo cresce.
As queixas de falta d’água se espalharam pelo município, em especial nas regiões mais altas e afastadas do centro, como os bairros Campo Grande, Jardim Londres e Ouro Verde.
Pedido
A crise generalizada fez o prefeito de Campinas, Jonas Donizete (PSB), ligar na segunda à noite para o governador Geraldo Alckmin (PSDB), pedindo que liberasse para a região os 25% adicionais determinados pela ANA e pelo DAEE. Alckmin relutou em atender o apelo do aliado, mas, após uma reunião com técnicos da área, decidiu liberar metade do aprovado pelos órgãos reguladores, ou seja, 500 litros por segundo.
Segundo a Sanasa, esse volume adicional pode levar até sete dias para chegar ao ponto de captação de Campinas. Enquanto isso, a empresa continuará operando em esquema de rodízio de 12 horas com água e de 12 horas sem água, sem decretar racionamento oficial, sob a justificativa de que a norma técnica determina que os imóveis devam ter caixas d’água suficientes para garantir 24 horas de abastecimento.
Previsão feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que as chuvas só devem voltar com certa intensidade à região do Cantareira a partir do dia 21.
Revisão
Em nota oficial, a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos afirmou que "após revisão técnica, a vazão autorizada pelo DAEE e ANA foi de 0,5m³/s (500 litros por segundo), solução adequada diante da atual escassez hídrica". Já a ANA informou que não foi procurada para alterar a decisão inicial e a determinação para liberar mil litros por segundo já deveria ter sido atendida.
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