O alerta surge justamente no momento em que a entidade inicia a implementação de um plano para que, em dois meses, 70% dos pacientes possam ser atendidos na África. Hoje, menos de 30% recebem auxílio. Os dados também foram publicados no mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou para o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e para o presidente da França, François Hollande, para falar do surto.
O comunicado oficial aponta que Obama e Ban estabeleceram um "compromisso" por uma "resposta mais robusta e o rápido fornecimento de ajuda pela comunidade internacional". O mesmo tom foi usado após a conversa entre Obama e Hollande. Ambos prometeram "aumentar" os esforços para combater a doença.
Letalidade. Até ontem, pelo menos 8,9 mil pessoas haviam sido contaminadas pela doença. As mortes oficialmente registradas superam 4,4 mil.
"Vamos chegar muito rapidamente a 10 mil casos", declarou Bruce Aylward, subdiretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), que admite que o número real de infectados hoje deve ser duas vezes superior aos números oficialmente registrados. "Se não aumentarmos o atendimento, muita gente vai morrer", alertou.
Há dois meses, a OMS estimava que um total de 20 mil pessoas seriam afetadas. "Quando eu anunciei 20 mil, as pessoas me criticaram por criar terror", disse o executivo. "Claramente, esse surto vai superar a marca dos 20 mil."
Comportamento
Do lado positivo, porém, a OMS comemora a desaceleração de casos em locais considerados como epicentros da doença. O motivo seria uma mudança no comportamento das populações, além de maior controle em enterros de vítimas. Outra notícia positiva é que a OMS vai decretar, no dia 17 e no dia 20, o fim da epidemia no Senegal e na Nigéria. A entidade esperou 42 dias desde o último caso registrado nesses países, duas vezes o período de incubação do vírus.
"Por três semanas, temos visto que o número de novos casos aumenta em cerca de mil. Mas não podemos dizer que isso é uma estabilização", alertou o representante da OMS. "Dizer que há uma desaceleração é tirar conclusões erradas do que está acontecendo."
Segundo ele, um dos eventuais motivos para a estabilização dos números pode ser a incapacidade dos laboratórios de registrar novos casos.
Para reverter a curva, portanto, a entidade espera que, em dezembro, exista uma capacidade instalada de médicos e infraestrutura capaz de atender 70% dos pacientes, isolando-os. Só que falta dinheiro.
Do plano de US$ 1 bilhão para frear a doença, apenas US$ 22 milhões foram de fato depositados nas contas da entidade. "Não há muito dinheiro entrando", declarou Aylward. Segundo ele, enquanto não houver dinheiro "não há como vencer o vírus".
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