Na rede municipal, pelo menos 14 creches relataram algum tipo de problema relacionado à falta de água, segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo
. Os problemas vão de falta de fornecimento por um dia até a necessidade de cancelar os banhos. É o que acontece desde julho no CEI Espaço Criança, em Santana, zona norte. Após acordo com os pais, foi decidido que as 136 crianças passariam a não tomar banho diário na creche, a não ser por motivos relacionados à saúde. Outras medidas foram tomadas, como uso de álcool gel e compra de galões para possíveis emergências.
Os alunos do CEI Reino da Criança II, no Parque São Lucas, na zona leste, também já chegam de banho tomado. A diretora da creche, Lúcia Ferreira, informou que, na metade de outubro, algumas crianças tiveram de ser dispensadas.
De acordo com a diretora, por causa dessa situação, alguns pais chegaram a ameaçá-la. Outros, no entanto, se ofereceram para comprar mais uma caixa d’água, apesar de a água disponível não ser suficiente para enchê-la.
Particular
O Berçário Vila do Saber é uma creche particular que, há cerca de um mês, também enfrenta dificuldades. Localizada em Moema, na zona sul, a unidade cuida de 35 bebês de 4 meses a 2 anos. A diretora da escola, Aglair Fraga, explica que as necessidades mais urgentes - como o preparo de alimentos e a limpeza dos bebês - são supridas com a reserva da caixa d’água, durante os períodos de cortes.
Contudo, uma das medidas necessárias foi diminuir a quantidade de banhos dos bebês de dois para um por dia. A diretora chegou a entrar em contato com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que alegou que a falta de água ocorre por causa da reestruturação da rede na região.
Caminhões-pipa
As escolas têm se esforçado para garantir o atendimento dos alunos. As 484 crianças matriculadas no CEI Vila Medeiros, na zona norte, ainda não deixaram de ser recebidas pela creche. Mas foi necessária a contratação particular de dez caminhões-pipa desde fevereiro, quando começaram os primeiros problemas, ao custo de R$ 450.
Em nota, a Sabesp informou que técnicos da empresa estiveram ontem nos locais indicados pela reportagem e registraram índices de abastecimento acima do mínimo estabelecido pela norma padrão, que é de 10 mca (metros por coluna de água). "Portanto, as escolas estão sendo abastecidas", afirmou a companhia..