O promotor Joel Carlos Silveira quer ouvir o dono do bar que sofreu uma tentativa de achaque de fiscais que trabalhavam na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Alvarás da Câmara Municipal de São Paulo. Silveira afirma que o alvo inicial das investigações serão as pessoas flagradas exigindo propina. A tentativa de achaque foi posterior à prorrogação da CPI, que ocorreu sem aval do plenário.
"É claro que temos os olhos voltados para eles (vereadores), mas em princípio não (serão o alvo), porque eles não estão nas imagens. Tem a menção ao (Eduardo) Tuma e aquilo, por si só, é pouco", afirmou o promotor. Ele vai requisitar as imagens do Fantástico, da TV Globo, que denunciou o esquema.
Nelas, o fiscal da Prefeitura Roberto Torres e o assessor parlamentar Antonio Pedace, do gabinete de Tuma, aparecem pedindo dinheiro para arquivar suposta investigação contra o estabelecimento do comerciante.
No vídeo, ambos exigem R$ 15 mil. A negociação se estende e o empresário é apresentado a uma terceira pessoa, Marco Peçanha, que aceita reduzir o valor para R$ 13 mil. Ele afirma que parte do dinheiro seria usada para "presentear" Eduardo Tuma, que nega conhecer o esquema. "Preciso ter dados concretos que os vinculem (os vereadores ao caso). Qualquer um pode se valer da proximidade de um vereador para fazer o que for feito", pondera o promotor.
Prorrogação
O requerimento de Eduardo Tuma (PSDB) que solicitava mais 120 dias para o término dos trabalhos não obteve quórum necessário para ir a votação em plenário no dia 4 de junho. Na ocasião, ele citou um precedente de 2001. A partir dele, quando não houvesse aval do plenário, uma CPI passa a ser prorrogada quando mais de um terço dos vereadores aprovassem o pedido por escrito. Foi o que ocorreu. Mesmo assim, a validação da prorrogação só ocorreu em reunião do colégio de líderes, com representantes de todos os partidos, na semana seguinte. Segundo o Estado apurou, naquela época denúncias relativas a irregularidades na CPI já eram de conhecimento de alguns vereadores.