De acordo com Putinato, as agressões foram iniciadas após o bando exigir que o casal parasse de se beijar dentro do trem. Na ocasião, o metroviário seguia para o trabalho na companhia do namorado. "Eles se mostraram indignados com o fato de nós estarmos juntos, mandaram parar de nos beijar, mandaram sair do trem, mas não respondemos nada, deixamos eles falando sozinhos e aí começaram a nos bater", comenta Putinato.
Segundo a vítima, o grupo, que havia embarcado na Estação Armênia da Linha 1-Azul, xingava o casal gay de "viadinhos" e "bichinhas" e dizia que eles "deveriam ter respeito" e parar de trocar carinhos em público. Putinato e Martins foram agredidos no rosto e no corpo com chutes, socos e empurrões.
Após a expulsão do trem, as vítimas procuraram agentes de segurança do Metrô, que cuidaram dos primeiros socorros e levaram os jovens para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na região central.
O bancário teve o nariz quebrado e terá de passar por uma cirurgia para reparar a fratura. O metroviário não sofreu ferimentos graves. "Acho que ficamos apanhando por uns três minutos. Se não tivessem nos colocado para fora, não sei o que teria acontecido", diz o jovem, que afirmou ter ficado desapontado com o fato de nenhum dos passageiros da composição ter agido para socorrê-los.
"O trem estava mais ou menos cheio, mas ninguém fez nada.
Investigação
Após passarem por atendimento médico, os dois registraram a ocorrência na Delegacia do Metropolitano (Delpom). "A polícia tem tudo para identificar os homens. Aquela frota infelizmente não tem câmeras, mas como indiquei aos policiais qual era o trem e o horário, eles podem pegar as gravações das estações", conta Putinato. A investigação deverá ser conduzida pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). A reportagem não conseguiu contato com a Polícia Civil na noite de ontem para verificar como estão as investigações do caso.
Putinato defende punições mais rígidas para qualquer um que cometer atos homofóbicos. "O sentimento é de revolta. Tudo isso tem origem no machismo que é tão disseminado em toda parte. O diferente não é aceito. Não só os gays sofrem com isso, mas as lésbicas, transexuais, e todos os outros que ousam ser 'diferentes'", afirma o metroviário. "Enquanto não existir uma campanha ainda mais ampla, e o ódio contra nós não for criminalizado, mais casos como este vão acontecer", afirmou..