Jorge Beltrão, Isabel Pires e Bruna Silva foram condenados pela morte, esquartejamento, ocultação de cadáver e prática de canibalismo contra a adolescente Jéssica Camila, de 17 anos. A filha da vítima, que estava em poder do trio, na época com dois anos, também teria comido a carne da própria mãe. O crime aconteceu em 2008, em Olinda.
Pela primeira vez, desde a fase de inquérito, os acusados conhecidos como 'Canibais de Garanhuns' quebraram o silêncio e se pronunciaram sobre os crimes. O professor de educação física Jorge Beltrão, apontado como líder, confessou ter matado a vítima. As outras acusadas admitiram auxiliar na ocultação do cadáver. E os três negaram ter fabricado salgados com carne humana.
Os réus
O primeiro acusado a prestar depoimento foi Jorge Beltrão, apontado como mentor dos crimes.
Ainda durante o depoimento, disse estar arrependido da morte de Jéssica e dos crimes praticados em Garanhuns, mas não quis falar sobre os casos do Agreste. "Foi um momento de extrema fraqueza e me sinto na posição das pessoas que perderam seus entes queridos. Minha verdadeira prisão é minha consciência", disse.
Quando questionado sobre quantas pessoas tinha matado, foi categórico ao dizer que foram "só as três". Sobre a seita 'Cartel', disse que a criou há muito tempo, mas não havia atividade. Ele terminou o depoimento pedindo para rezar, agradeceu por poder falar a verdade e de pagar pelo que fez. Beltrão também pediu consolo para as famílias das vítimas e por "Bel e Bruna".
A primeira das mulheres a se pronunciar foi Isabel Pires e o depoimento durou aproximadamente duas horas. A acusada disse não ter participado da morte de Jéssica. Isabel também relatou como conheceu a vítima e contou que somente Jorge a executou. Ela também revelou que a criança comeu a crane da própria mãe. "A criança também comeu. Ela estava lá com a gente, estava fazendo parte da família".
Isabel ainda revelou que é dependente emocional do marido. "Fiquei calada com medo de que ele me deixasse", confessou.
Já Bruna Silva detalhou a escolha por Jéssica e também negou ter participado do esquartejamento. A acusada, no entanto, diferente da outra ré, disse que a menina não comeu a carne da própria mãe. "Eu comi porque o Jorge disse que na Bíblia estava escrito que se matasse tinha que comer. Mas eu revirei a Bíblia toda e não achei isso", debochou.
Segundo ela, o comportamento do acusado mudou com o passar do tempo. "No começo de tudo, o Jorge parecia ser um homem normal, mas ao conviver com ele fui começando a ver as bipolaridades mentais", destacou. Ao ser questionada sobre a sanidade dele pela promotoria, não hesitou. "Normal ele não é". O sarcasmo da acusada durante as resposta levou Eliana Gaia a pedir seriedade e a perguntar o porquê dela rir pelo canto da boca ao lembrar o caso.
Após o tranalho da defesa dos acusados, o Ministério Público salientou, através da réplica, o comportamento agressivo de Jorge Beltrão, ainda na infância, detalhado pelo irmão do acusado. A promotora Eliana Gaia relatou que ele escrevia gibis mencionando o surgimento de uma nova raça.