(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Trio conhecido como 'Canibais de Garanhuns' é condenado por júri popular em Pernambuco

Juíza Maria Segunda sentenciou Jorge Beltrão a uma pena de 23 anos. As rés Isabel Pires e Bruna Silva pegaram uma pena total de 20 anos


postado em 14/11/2014 20:56 / atualizado em 14/11/2014 20:53

Trio era acusado de homicídio quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e vilipêndio(foto: Anaclarice Almeida/DP/D.A Press)
Trio era acusado de homicídio quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e vilipêndio (foto: Anaclarice Almeida/DP/D.A Press)
Após mais de vinte horas de julgamento, a juíza Maria Segunda Gomes de Lima sentenciou Jorge Beltrão Negromonte da Silveira a 21 anos e seis meses de reclusão e um ano e seis meses de detenção, totalizando 23 anos. Já as rés Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva pegaram 19 anos de reclusão e um ano de detenção, totalizando 20 anos. Os três, conhecidos como 'Canibais de Garanhuns', eram acusados de homicídio quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e vilipêndio.

Jorge Beltrão, Isabel Pires e Bruna Silva foram condenados pela morte, esquartejamento, ocultação de cadáver e prática de canibalismo contra a adolescente Jéssica Camila, de 17 anos. A filha da vítima, que estava em poder do trio, na época com dois anos, também teria comido a carne da própria mãe. O crime aconteceu em 2008, em Olinda.

Pela primeira vez, desde a fase de inquérito, os acusados conhecidos como 'Canibais de Garanhuns' quebraram o silêncio e se pronunciaram sobre os crimes. O professor de educação física Jorge Beltrão, apontado como líder, confessou ter matado a vítima. As outras acusadas admitiram auxiliar na ocultação do cadáver. E os três negaram ter fabricado salgados com carne humana.

Os réus

O primeiro acusado a prestar depoimento foi Jorge Beltrão, apontado como mentor dos crimes. Ele negou que a carne humana tivesse sido usada na produção de salgados, disse tomar remédio controlado e confirmou que a morte de Jéssica estava escrita no livro "Relatos de um Esquizofrênico", de sua autoria.

Ainda durante o depoimento, disse estar arrependido da morte de Jéssica e dos crimes praticados em Garanhuns, mas não quis falar sobre os casos do Agreste. "Foi um momento de extrema fraqueza e me sinto na posição das pessoas que perderam seus entes queridos. Minha verdadeira prisão é minha consciência", disse.

Quando questionado sobre quantas pessoas tinha matado, foi categórico ao dizer que foram "só as três". Sobre a seita 'Cartel', disse que a criou há muito tempo, mas não havia atividade. Ele terminou o depoimento pedindo para rezar, agradeceu por poder falar a verdade e de pagar pelo que fez. Beltrão também pediu consolo para as famílias das vítimas e por "Bel e Bruna".

A primeira das mulheres a se pronunciar foi Isabel Pires e o depoimento durou aproximadamente duas horas. A acusada disse não ter participado da morte de Jéssica. Isabel também relatou como conheceu a vítima e contou que somente Jorge a executou. Ela também revelou que a criança comeu a crane da própria mãe. "A criança também comeu. Ela estava lá com a gente, estava fazendo parte da família".

Isabel ainda revelou que é dependente emocional do marido. "Fiquei calada com medo de que ele me deixasse", confessou. Ela também detalhou como eles escolhiam as vítimas, mas reforçou a negativa de que tenham usado carne humana para fazer os salgados. "Eu a inventei a parte da coxinha porque estava com medo de apanhar na delegacia e queria ir para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) com eles", disse.

Já Bruna Silva detalhou a escolha por Jéssica e também negou ter participado do esquartejamento. A acusada, no entanto, diferente da outra ré, disse que a menina não comeu a carne da própria mãe. "Eu comi porque o Jorge disse que na Bíblia estava escrito que se matasse tinha que comer. Mas eu revirei a Bíblia toda e não achei isso", debochou.

Segundo ela, o comportamento do acusado mudou com o passar do tempo. "No começo de tudo, o Jorge parecia ser um homem normal, mas ao conviver com ele fui começando a ver as bipolaridades mentais", destacou. Ao ser questionada sobre a sanidade dele pela promotoria, não hesitou. "Normal ele não é". O sarcasmo da acusada durante as resposta levou Eliana Gaia a pedir seriedade e a perguntar o porquê dela rir pelo canto da boca ao lembrar o caso.

Após o tranalho da defesa dos acusados, o Ministério Público salientou, através da réplica, o comportamento agressivo de Jorge Beltrão, ainda na infância, detalhado pelo irmão do acusado. A promotora Eliana Gaia relatou que ele escrevia gibis mencionando o surgimento de uma nova raça. Gaia também criticou a postura de Isabel e foi enfática sobre Bruna: "Bruna é assim. É a canibal feliz".


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)