O estudo foi publicado pela revista Lancet que, em uma série de informes, revela como a violência contra a mulher é um fenômeno global, que atinge diversas regiões, religiões e extratos sociais. As conclusões são alarmantes: entre 100 milhões e 140 milhões de garotas e mulheres sofrem mutilações genitais, com mais de 3 milhões delas sob risco a cada ano na África. Segundo estudo, 70 milhões de garotas são forçadas a se casar antes de completar 18 anos, muitas contra a vontade.
Para começar a reverter essa tendência, a OMS alerta que apenas culpar os parceiros não é suficiente. Fatores sociais, econômicos e políticos também influenciam a violência. “Em muitas regiões do mundo, nos últimos 50 anos, a situação da mulher melhorou de forma importante”, afirmou Claudia Garcia-Moreno, representante da OMS e uma das autoras do estudo. “Mas, em muitos outros lugares, a mulher continua sendo uma cidadã de segunda classe, discriminada e subserviente ao homem”, alertou. “Mesmo em lugares onde a liberdade existe, o medo e a realidade da violência persistem.”
Um dos problemas, para a OMS, é que a epidemia continua sendo invisível.
A entidade também alerta que esses números apresentam apenas a ponta de um iceberg muito maior. “A extensão dos abusos é muito maior, ocorrendo de múltiplas formas, sem nem sequer ser registrada”, disse Claudia. Saúde. Para lidar com a epidemia, a OMS pede que mais investimentos sejam feitos por governos, reduzindo a discriminação contra as mulheres. Mas a entidade alerta que o problema precisa deixar de ser visto apenas como um aspecto criminal e ganhar uma dimensão de saúde pública.
“O pessoal de saúde costuma ser o primeiro contato que as vítimas de violência têm”, explicou Claudia, que defende uma melhor formação para esses profissionais. “Uma identificação precoce de garotas e mulheres que sofrem violência pode melhorar a vida dessas pessoas e ajudá-las a ter acesso aos serviços mais indicados.”
Soluções
Além do setor da saúde, a OMS sugere áreas de atuação para os governos: dar mais recursos para fazer do combate à violência contra as mulheres uma prioridade, adotar leis para impedir a discriminação, promover a igualdade e comportamentos não violentos.
Para a entidade, a solução precisa garantir que tanto os autores da violência quanto as mulheres sejam alvo de programas especiais. “Apenas dessa forma será possível mudar normas e relações profundamente enraizadas na sociedade e a crença de que as mulheres são inferiores”, recomendou a OMS..