Jornal Estado de Minas

Parte dos refugiados acabou sendo recusados ao chegar ao Brasil

Marcelo da Fonseca
No mesmo navio que trouxe o grupo Görgen ao Brasil, outros 95 refugiados judeus foram barrados ao desembarcar no porto do Rio de Janeiro e obrigados a retornar para seus países.
Segundo pesquisa da historiadora Maria Luiza Tucci sobre relatos de refugiados, vários judeus poloneses e tchecos que chegaram ao Brasil em 1941 – depois de longo período vagando em busca de um lugar seguro – não foram recebidos em terras brasileiras.

“A postura antissemita do governo de Getúlio Vargas tem origem no pensamento racista e antissemita brasileiro que vem desde os tempos coloniais. Não foi uma invenção de Vargas. Durante seu governo, o pensamento de que os não arianos eram seres inferiores foi reabilitado pelo nazismo na Alemanha de Hitler e pelo fascismo, na Itália de Mussolini. Vargas tinha uma admiração por esses governos fascistas de forma geral. Não aceitar judeus, mesmo aqueles com origem judia, se baseou no fato de que o governo os considerava cidadãos que não serviam para compor a população brasileira”, explica Maria Luiza Tucci.

Mesmo com a autorização do embaixador brasileiro na França, Luís Martins de Souza Dantas – que conseguiu a liberação de vários exilados para o Brasil, apesar de determinação contrária do presidente Vargas –, os 95 refugiados que vieram no navio Cabo de Hornos não foram aceitos.
O grupo tentou entrar na Argentina, pelo porto de Buenos Aires, mas também foi renegado, assim como no Paraguai. As recusas aconteceram com vários grupos, obrigados a retornar para a Europa..