São Paulo, 06 - A Universidade de São Paulo (USP) aumentou a previsão de déficit para o próximo ano - a estimativa saltou de R$ 983 milhões, como calculado há um mês, para R$ 1,126 bilhão. A revisão das contas é da Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP) da USP e faz parte da proposta orçamentária para 2015. Os novos gastos serão para cobrir dívidas contratuais, expandir as bolsas de assistência estudantil e retomar projetos estratégicos de infraestrutura.
A proposta será votada pelo Conselho Universitário (CO), órgão máximo da USP, no dia 9, terça-feira. Conforme o documento da Comissão de Orçamento, serão R$ 988 milhões de déficit com folha salarial, custeio e investimentos em 2015. Outros R$ 138 milhões são de restos a pagar de anos anteriores. Em 2015, o orçamento total previsto para a USP é de R$ 5,3 bilhões.
Com a mudança, o déficit esperado para o ano que vem será superior ao de 2014, que deve terminar em quase R$ 1,1 bilhão. Desde o ano passado, a USP gasta além da verba que recebe do Estado, a parcela fixa do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), com salários de servidores. A situação levou à pior crise financeira da universidade em 30 anos. Procurada, a reitoria disse que se manifestará sobre a proposta somente após a reunião do Conselho.
A USP tem usado suas reservas financeiras para honrar os compromissos. Em dezembro de 2013, a poupança era de R$ 2,563 bilhões. No encerramento deste mês, o saldo deve ser de R$ 1,703 bilhão. Pelos prognósticos da Comissão de Orçamento, a reserva deve esgotar-se em 2017 com o atual ritmo de arrecadação e gastos.
A principal aposta do reitor, Marco Antonio Zago, para frear as despesas é um plano de demissão voluntária (PDV), que prevê a aposentadoria antecipada de 1,7 mil funcionários. O objetivo é uma redução de até 6,5% na folha de pagamento - que hoje corresponde a 106% do que a USP recebe do Tesouro estadual. O PDV não se estende aos docentes.
Ajustes
Faculdades, institutos, museus e hospitais devem manter praticamente o mesmo patamar de gastos previstos no orçamento deste ano. No ano passado, as despesas de custeio e investimento das unidades já haviam sido cortadas em 30%. O reajuste salarial projetado para os servidores acompanha a inflação do período.
Uma das áreas com maior aporte de verbas é a de apoio à permanência estudantil, com bolsas, moradia ou auxílio-livro. O aumento é de 105% em relação a 2014, passando de R$ 33 milhões para R$ 67,6 milhões. O montante para projetos estratégicos de infraestrutura também cresceu- de R$ 20,8 milhões para R$ 62,5 milhões.
Desde fevereiro, a maioria das obras da USP foi congelada como medida anticrise. Só continuaram, diz a reitoria, projetos em que a paralisação seria mais negativa do que econômica. As obras estratégicas que podem ser retomadas em 2015 serão discutidas na próxima semana.
Dos R$ 142 milhões de despesas extras em relação à estimativa de novembro, a maior parte (R$ 80 milhões) é referente a dívidas contratuais, não especificadas pelo documento. Outra aposta para reduzir gastos é a venda de imóveis comprados na gestão anterior, avaliados em R$ 50 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.