Na inauguração de uma companhia destacada de policiamento na zona oeste do Rio de Janeiro, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, alertou nesta sexta-feira que o crescimento desordenado de favelas com unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) tem exigido reforços no contingente.
"A gente tem que colocar 100 policiais, mas, daqui a seis meses, tem que colocar 150, 200, um batalhão, e assim sucessivamente, e tudo retorna ao conceito inicial de polícia. E a polícia vai se esgotar em si própria", disse o secretário. Ele apontou que o problema é mais acentuado nas comunidades com UPPs na zona sul, como o Pavão-Pavãozinho e o Cantagalo. "Familiares trazem parentes para essas áreas. É um lugar central, interessante, onde tem geração de empregos", salientou.
Para o secretário, é preciso pensar em ações de urbanização, como construção de moradias, e não apenas remover as pessoas das comunidades. "A desordem urbana é potencialmente uma trincheira para os marginais e para esconderem armas. Um único marginal [nessa situação] pode causar nas pessoas uma sensação de intranquilidade muito grande", disse Beltrame. De acordo com ele, algumas UPPs tiveram que receber reforço de mais um terço do contingente inicial, por causa do crescimento desordenado.
Ao fim da cerimônia de inauguração, o secretário disse que muitas companhias destacadas de policiamento (CDPs), como a inaugurada no bairro do Itanhangá, serão entregues à população. Diferentemente das UPPs, as CDPs são vinculadas aos batalhões da região e contribuem para descentralizar o poder, segundo o secretário. "O morador vai ter um policiamento permanente, assim como tem UPP", enfatizou, apontando que as UPPs são instaladas em comunidades com características específicas, que levam em conta o poderio bélico dos criminosos e o número de suspeitos prevista pela Secretaria de Segurança.
Cinco comunidades serão atendidas pela CDP do Morro do Banco, que terá 80 policiais e oito viaturas. A sede da companhia foi instalada em um prédio cedido pela organização não governamental Aldeia SOS, e, segundo o comandante da unidade, tenente Anderson Colombo, a repressão ao crime organizado, nas comunidades em torno do Morro do Banco, estará entre as principais preocupações. A CDP é vinculada ao 31º Batalhão de Polícia Militar, que atende à região da Barra da Tijuca.