A 1,6 mil metros de altitude, quase no topo da Serra da Mantiqueira, parte das nascentes que formam o Rio Jaguari em Camanducaia, no sul de Minas, renasceu com as chuvas dos últimos 30 dias. A água que voltou a brotar na montanha anima os moradores da região, mas ainda não tem volume nem força para percorrer 100 quilômetros e encher os reservatórios do Sistema Cantareira em Bragança Paulista e Joanópolis, em São Paulo.
Aos poucos, esses cursos d'água estão renascendo, o que já elevou para 1,5 metro o Jaguari na semana passada, o que não acontecia desde dezembro de 2013. Em Extrema, na divisa entre Minas e São Paulo, cachoeiras que tinham virado pedra voltaram a ter quedas e piscinas naturais. "O rio sobe bem quando chove aqui no alto da serra, mas logo baixa. A terra está muito seca, ela chupa toda a água", relata Clemilson Aparecido Fernandes, de 32 anos, que trabalha na Fazenda Campo Verde, onde estão algumas nascentes do Jaguari, no limite do município com São Bento do Sapucaí.
O secretário de Meio Ambiente de Extrema, Paulo Henrique Pereira, conta que esse efeito esponja do solo, agravado pela longa seca na região, ainda impede que as chuvas se revertam em vazões significativas de água para São Paulo. "Normalmente, as chuvas de dezembro e janeiro encharcam o solo, e as de fevereiro e março escorrem e enchem os reservatórios. Elas voltaram, mas ainda muito abaixo do esperado, apenas recuperando as nascentes. Esse processo todo é lento", afirma.