Parte dos dados do estudo foram relatados durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura os casos de violência nas universidades paulistas. Além de Maria Fernanda, estiveram presentes a professora de antropologia Heloísa Buarque, do USP Diversidade, o psiquiatra e ex-aluno da Fmusp Luís Fernando Toffoli e o médico Paulo Saldiva.
Do total, 43,32% dos entrevistados disseram ter sido submetidos a assédio ou discriminação sexual e 15,52% relataram sofrer ameaças de agressões físicas. As respostas foram dadas anonimamente e não era necessário informar nenhum dado pessoal. De acordo com o levantamento, o agressor é, na maior parte das vezes (83,75%), outro estudante de medicina. Em segundo lugar, a reclamação é em relação aos professores (72,78), médicos (50,3%), residentes (44,12%), além de pacientes, acompanhantes, enfermeiros e outros profissionais da saúde.
A agressão psicológica foi a que teve maior número de registros, na forma de depreciação ou humilhação (73,1%). Agressões físicas como tapas, chutes ou empurrões tiveram 38 registros (13,11%).
De acordo com Maria Fernanda, a intenção da pesquisa era explorar um campo pouco estudado no Brasil, já que os estudos sobre violência na educação estão quase sempre voltados ao ensino básico e não à educação superior. "Há uma grande produção internacional sobre os casos de humilhações, maus tratos e abusos nas universidades. A proporção é muito grande em escolas médicas", disse. O projeto Quara, como foi chamado, foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição e teve o trabalho de campo realizado em 2013. Segundo a docente, os números foram semelhantes aos obtidos em pesquisas feitas nos EUA, na Alemanha e no Chile..