Com 90% das fantasias prontas, a Acadêmicos do Riacho Fundo 2 calcula as dívidas em R$ 140 mil. O valor foi gasto com material e mão de obra de profissionais vindos do Rio de Janeiro para preparar as vestimentas dos componentes. Os preparativos começaram em agosto do ano passado. Quando o GDF anunciou o cancelamento dos desfiles, só faltava à escola começar a preparação dos carros alegóricos.
“Nós compramos o material do Rio, com uma carta de crédito, pois eles sempre esperam até o fim do ano para receber, que era quando conseguiríamos o repasse do GDF. Agora, estão ligando das lojas querendo saber dos pagamentos. O mais difícil disso tudo é saber que pais e mães de família trabalharam e vão voltar para casa sem conseguir pagas as contas”, lamenta o diretor financeiro da escola, Marcelo Marques.
A agremiação desfilaria com 600 componentes e viria com o tema “Ópera Africana e Brasileira — O canto da maioria silenciado”. Agora, resta aos organizadores guardar o material. Por enquanto, está tudo acumulado na Casa da Cultura, no Guará. “O material de algumas escolas está lá. Vamos dar um jeito de guardar tudo o que foi feito com a promessa de usar o ano que vem”, explica Marcelo Marques. “A situação é de desespero total. As diretorias estão deprimidas com o processo. Vamos ter que fazer rifas e bingos para tentar arcar com o prejuízo”, complementa Alaídes Rodrigues de Sousa, presidente de honra da Aruremas, do Recanto das Emas. A agremiação gastou R$ 62 mil. “Vínhamos para disputar o carnaval e melhoramos todo o material. Desfilaríamos com 862 pessoas e faríamos homenagem a Lampião e Maria Bonita.”
Este ano, a maior campeã do carnaval brasiliense, a Aruc, homenagearia a companhia de teatro Os Melhores do Mundo, que completa 20 anos em 2015. Havia investido R$ 100 mil e sairia com 1 mil componentes. Parte do material ficará guardado, mas a presidência afirma que uma parte acaba se destruindo com o tempo. “O maior prejuízo é institucional, uma vez que a não realização do carnaval quebra a sequência de bons desfiles que as escolas vinham fazendo, e isso é muito difícil de recuperar. É um trabalho de anos do grupo especial”, lamenta Hélio Santos, presidente do conselho de administração. “A gente luta agora para garantir o carnaval de 2016, senão, será decretado o fim das escolas de samba de Brasília.”