Uma postagem feita em dezembro passado na internet por um jovem, que dizia não merecer mulher rodada, gerou controvérsias nas redes sociais e acabou levando à criação do bloco, "uma resposta bem-humorada, na tentativa de ridicularizar atitudes machistas”, disse Renata Carvalho, uma das fundadoras da agremiação.
A proposta é garantir liberdade para que as mulheres possam vestir o que quiserem e não sofrer assédio, nem qualquer julgamento. “E muito menos violência”, salientou Renata.
Avaliou que o assédio sexual no Brasil é uma questão cultural. “Muitos caras acham que a mulher vai gostar de ser cantada e de ser tratada dessa maneira”. O movimento das Mulheres Rodadas pretende deixar claro que isso não é bem-vindo, nem aceitável. Segundo Renata, isso acaba sendo o ponto de partida de muitas outras violências que podem vir depois. “É por essas e outras coisas que a gente tem que falar não para isso tudo”.
O movimento tem o apoio da Organização das Nações Unidas para as Mulheres, entidade para a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres da Organização das Nações Unidas (ONU), disse a assessora da entidade no Brasil, Gisele Netto. Lembrou que a representante do escritório da ONU Mulheres no país, Nadine Gasman, se posicionou a favor da luta contra o assédio à mulher tanto em lugares públicos como no âmbito doméstico.
O aposentado carioca Mauro Licurgo considera perfeito o movimento das Mulheres Rodadas. “Acho que a mulher deve estar sempre buscando seu espaço na sociedade, seus direitos, sem esquecer suas obrigações, seus deveres. Acho esse movimento extremamente válido. O respeito mútuo é importante em todas as etapas de nossa vida e em todos os gêneros também”. A mulher de Mauro, Eliane Licurgo, defendeu a luta das mulheres por seus direitos. “A gente está na luta junto, de igual para igual, muitas mulheres muito mais que os homens. A gente tem que ganhar mais espaço em todos os ambientes”.
A manifestação pela liberdade de se vestir e contra o assédio das Mulheres Rodadas acolheu o movimento de apoio a uma aluna do Colégio Estadual Ignácio Azevedo do Amaral, que foi molestada, no último dia 3, por um homem, enquanto dormia em um ônibus a caminho de casa. Estudantes uniformizadas de vários colégios do Rio percorreram parte da orla de Copacabana, reiterando a luta por respeito..