Rio de Janeiro – No dia seguinte à soltura de Fábio Raposo Barbosa e Caio da Silva de Souza – acusados de ter disparado o rojão que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, durante manifestação no ano passado –, duas tornozeleiras eletrônicas teriam sido conseguidas pelo novo secretário de Administração Penitenciária do Rio, coronel Erir Ribeiro da Costa Filho. Segundo informações do jornal O Globo, o fato já teria sido comunicado à 8ª Câmara Criminal do Rio de Janeiro, que poderá convocar a dupla para que o equipamento seja instalado. Na quarta-feira, os desembargadores que integram o grupo desclassificaram a acusação de homicídio doloso triplamente qualificado, cuja pena poderia chegar a 30 anos de reclusão. Os dois não serão mais julgados por júri popular e responderão por explosão seguida de morte.
Na sexta-feira Fábio e Caio deixaram a prisão de cabeça baixa, sem falar com os repórteres, amigos e familiares que os aguardavam na porta. Eles embarcaram juntos em uma caminhonete Tucson preta. Na quinta-feira, tão logo saiu a decisão da Justiça, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) criticou a postura dos desembargadores. O processo, que estava no Tribunal do Juri, será remetido a uma vara criminal comum. O Ministério Público já avisou que vai recorrer para tentar manter a acusação original de homicídio. A alegação dos promotores é que imagens veiculadas pela imprensa mostrando o momento em que o rojão atinge Santiago comprovam que os acusados assumiram o risco de causar a morte de alguém ao acender o artefato em meio a um protesto. Diante da polêmica, o TJ reforçou que a decisão não implica na absolvição da dupla. Embora soltos, Caio e Fábio vão ter de cumprir medidas cautelares, como não sair da cidade e nem participar de manifestações.
Aos 49 anos, o cinegrafista Santiago Andrade teve morte cerebral decretada em 10 de fevereiro, quatro dias depois de ser atingido pelo rojão durante protesto contra um aumento das passagens de ônibus, que ocorria próximo à Central do Brasil. Desde então, entidades representativas da imprensa, incluindo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a ABI repudiam a violência e cobram a punição dos acusados.