Manifestantes contrários ao Projeto de Lei 4.330/2004, que regulamenta as atividades de terceirização no país, fazem protestos em ao menos 15 estados e no Distrito Federal nesta quarta-feira (15/4).
Diante da aprovação do texto principal na semana passada e com a votação das emendas no plenário da Câmara dos Deputados, os sindicalistas resolveram se juntar aos movimentos populares, em meio a paralisações de todas as categorias filiadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT), CTB, NCST, Intersindical e CSP Conlutas. Além do DF, ocorrem ou ocorreram atos e paralisações em Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Sergipe e São Paulo. A previsão é de que manifestações ocorram durante todo o dia no país.
Em São Paulo, a interdição na pista expressa da Rodovia Anhanguera, que liga a capital ao interior do estado, causou um nó no trânsito. Segundo a concessionária AutoBan, um grupo de 100 pessoas chegou a ocupar todas as faixas no sentido capital paulista, por volta das 7h, e colocou fogo em pneus. Os manifestantes fazem parte do Movimento Luta Popular e são moradores da Ocupação Esperança.
Na Via Anchieta, um protesto causou um bloqueio na pista marginal, sentido litoral, na altura do quilômetro 15. A Ecovias, concessionária que administra a rodovia, informou que os motoristas são desviados para a pista central, no quilômetro 13. A Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, teve o tráfego bloqueado na pista marginal, altura da cidade de Guarulhos, até as 6h30. O trânsito foi parado por 30 minutos, o que causou lentidão na chegada à Marginal Tietê, na capital paulista.
Em Contagem, na Grande Belo Horizonte, cerca de 400 pessoas, segundo organizadores, participam do protesto contra a regulamentação da terceirização. O grupo é formado em sua maioria por metalúrgicos. Os manifestantes fecharam por cerca de uma hora o cruzamento da Avenida Amazonas com a BR-381, liga Minas Gerais a São Paulo. O próximo ato está marcado em frente à Refinaria Gabriel Passos (Regap), da Petrobras, em Betim, também na Grande BH.
Impasse
O texto-base do projeto de lei, aprovado pela Câmara dos Deputados na quarta-feira (8/4), legaliza a terceirização em todos os postos de trabalho da cadeia produtiva. Atualmente, a terceirização só é permitida nas atividades meio das empresas, como faxina, portaria e segurança. A Câmara ainda tem que aprovar as alterações no texto-base e pontos mais controversos da proposta. Depois, o projeto passa pelo Senado.
Ontem, os parlamentares aprovaram, com 360 votos favoráveis, 47 contrários e 4 abstenções, excluir as empresas públicas e sociedades de economia mista das regras previstas no projeto que regulamenta os contratos de terceirização. A exclusão ocorreu com a aprovação de um destaque proposto pelo PSDB, que também foi apoiado pelo PT.
A emenda foi a única das 27 constantes na pauta que foi aprovada na votação. A Casa Civil liberou seus parlamentares nessa votação, informou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE). Esse era o segundo item da pauta. O primeiro e terceiro item foram retirados por seus respectivos autores. E, quando a votação estava sendo encaminhada para uma emenda aglutinativa que discutia a questão do recolhimento de 20% da folha de salários pela empresa contratante, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), suspendeu a sessão, por volta das 19h. A votação será retomada hoje às 16h.
O destaque do texto não proíbe que o setor público realize terceirizações, mas impede que empresas controladas pelo governo façam a terceirização em todas as suas atividades, como prevê o projeto.
Protestos previstos em todo o país
São Paulo
15h - Ato deve reunir diversas categorias, como bancários, metalúrgicos, químicos, petroleiros e o trabalhadores do setor de serviços e comércio, entre outros, na Avenida Paulista;
17h – Militantes e trabalhadores caminham em direção ao Largo da Batata, onde participam do ato “Contra a Direita Por Mais Direitos”, com outros movimentos populares do campo e da cidade.
Belo Horizonte
16h – Ato unificado deve ocorrer na Praça Afonso Arinos;
Recife
14h - Ato em frente à FIEP, na Avenida Cruz Cabuga, em Santo Amaro;
Belém
8h – Ato na Praça dos Operários;
Aracaju
14h - Marcha Estadual em Defesa e Promoção da Educação Pública;
Fortaleza
8h – Ato na Praça do Carmo;
Distrito Federal
16h - Concentração em frente à sede da CUT, na Asa Sul, de onde militantes seguem em caminhada até a Rodoviária do Plano Piloto;
Rio de Janeiro
16h – Concentração na Cinelândia. Depois militantes e trabalhadores seguem em caminhada até a Firjan;
Curitiba
11h30 – Ato na Praça Santos Andrade;
Teresina
10h – Ato na Praça Rio Branco;
Porto Alegre
12h – Militantes e trabalhadores se concentram em frente à Federação do Comércio. Depois, seguirão caminhando até a Assembleia Legislativa.
Florianópolis
16h – Ato na Praça XV, em frente à Catedral;
Maceió
9h – Ato em frente ao Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas (CEPA);
Salvador
15h – Ato em Campo Grande..