Em uma pastelaria no centro do Rio, dois chineses trabalhavam sem documentos e viviam em um alojamento improvisado dentro do próprio estabelecimento. Os auditores-fiscais da SRTE/RJ identificaram que os dois dormiam em uma espécie de sótão, com espaço para apenas dois colchões e cerca de um metro e meio de pé direito, sem ventilação alguma. Nenhum deles fala português.
Já em Vila Isabel, os dois trabalhadores encontrados pela fiscalização não tinham a documentação regularizada. Mas moram em um apartamento de dois quartos em frente ao estabelecimento. Auditores visitaram o imóvel, que parecia em ordem. Os quatro foram levados à SRTE/RJ e entrevistados pelos auditores-fiscais.
Em uma pastelaria em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, outros quatro chineses foram intimados a comparecer à SRTE/RJ nos próximos dias.
"Tudo indica que é uma rede internacional de tráfico de pessoas, com escravidão por dívida, que provavelmente também ocorre em outros Estados do Brasil", disse o padre Ricardo Rezende, antropólogo e coordenador do Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo (GPTEC), da UFRJ, que vem apoiando as investigações.
Caso seja comprovada situação análoga à escravidão, os trabalhadores podem ser levados para alojamentos temporários providenciados pela SRTE/RJ. "Os estrangeiros cuja mão de obra é explorada ganham toda a documentação.
A fiscalização só não encontrou trabalhadores irregulares nos estabelecimentos visitados em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Denominada Operação Yulin, esta é a quarta etapa de investigações da SRTE/RJ com o objetivo de combater o trabalho escravo e o tráfico de pessoas. Desde 2013, cinco pessoas foram encontradas em situação análoga à escravidão em pastelarias do Rio..