O recado encerrou um período de agonia de Paulo e sua mulher, Cristina Malaguti Uchôa. "Ficamos o dia inteiro sem informação, foi horrível", disse o pai. A descoberta sobre o terremoto no Nepal, que deixou mais de 2.000 mortos, ocorreu na manhã de sábado, quando Cristina acessou um portal de notícias.
Em um primeiro momento, ela não sabia que a filha estava numa cidade próxima a Katmandu, epicentro do terremoto. Paulo, ao ver que o número de mortos aumentava, decidiu contar para Cristina que a filha deles estava numa cidade próxima ao epicentro da tragédia.
"Quando contei onde ela estava, deu pane geral aqui, começamos a entrar em parafuso. Eu já estava muito ansioso e ela (mãe) ficou também.
O movimento de busca pela jovem cresceu nas redes sociais. "Um grupo de nove indianos receberam a mensagem e, coincidentemente, quatro deles conheceram a Mariana lá. Um deles falou que esteve com ela antes do terremoto. Logo depois, ela entrou no Facebook, ficou sabendo que estávamos apavorados e se manifestou". Os pais passaram o sábado ao lado do telefone e acessando a internet, na esperança de que ela mandasse algum recado.
Mariana está em um vilarejo a cerca de 10 km da capital, onde dá aulas de capoeira para crianças e pratica yoga. Em seu relato no Facebook, disse que no local onde está não houve "muitos danos físicos", uma vez que a cidade tem pequenas construções.
"Pude sentir muito forte o tremor aqui, e mais uma vez pude acreditar e vivenciar a potencia da natureza. Parece que o tremor pode voltar hoje, mas estou em área de segurança, não tem grandes prédios nem construções", afirmou aos amigos, a quem pediu calma e acrescentou: "Aqui a terra treme e ai os corações palpitam!".
A viagem da designer, programada por um ano, teve início em dezembro de 2014, quando a jovem foi para a Índia, onde percorreu diversas cidades, e depois seguiu para o Nepal. Ela já tinha ido embora do País, mas decidiu voltar. Há cerca de 15 dias está no Nepal. "Ela se identificou muito com a cultura deles. Foi uma primeira vez, seguiu viagem, mas depois voltou.
A preocupação da família foi agravada pelo fato de Mariana ter perdido o celular. Os contatos são feitos semanalmente, por e-mail. Antes da madrugada de hoje, o último e-mail foi enviado na quarta-feira. Apesar de já terem recebido notícias da jovem, os pais querem agora ouvir a voz da filha, mas sabem das dificuldades de comunicação no País. "Parece que existe tendência de permanecerem os abalos naquela região por mais 15 a 20 dias. Queremos falar isso para ela".
Na manhã de domingo, o clima na casa de Mariana era de alívio. "Estou moído, parece que levei uma surra. É uma sensação de impotência absurda", disse o pai..