Apesar de a epidemia de dengue estar concentrada em São Paulo neste ano, o restante do país não está em situação tão confortável. Somadas todas as notificações, a taxa de incidência nacional já chega a 367,8 casos por 100 mil habitantes, considerada epidêmica e equivalente ao triplo do índice registrado do mesmo período ano passado. A situação ainda tende a se agravar porque o pico da doença acontece a partir da segunda quinzena de abril e o boletim epidemiológico mais recente reúne os dados notificados até o dia 18 do mesmo mês.
Embora 24 Estados brasileiros tenham registrado aumento de casos da doença em relação ao ano passado, apenas quatro - São Paulo, Rondônia, Paraná e Rio Grande do Sul - tiveram crescimento no número de mortes, com a maior alta porcentual registrada em São Paulo. Até mesmo os dois Estados que estão à frente de São Paulo no ranking de incidência de dengue neste ano - Acre e Goiás - conseguiram reduzir ou manter estável o número de óbitos.
Considerando incidência por 100 mil habitantes, há epidemia em sete Estados: Acre, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Rio Grande do Norte e Paraná. Todos têm mais de 300 casos por 100 mil habitantes, como determina a Organização Mundial da Saúde.
O Ministério da Saúde afirma que repassou em janeiro, a todos os Estados e municípios brasileiros, um recurso adicional de R$ 150 milhões para ser usado em medidas de prevenção e controle da dengue.
Idosos e doentes crônicos são mais afetados pela doença
Para o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto Emílio Ribas, é possível que algumas regiões concentrem grupos de indivíduos mais suscetíveis aos riscos de mortalidade pela dengue - como os idosos e as pessoas que sofrem de doenças cardíacas -, o que poderia explicar o maior número de mortes em certas áreas."Hoje a comunidade médica está muito atenta aos casos críticos e a população já procura atendimento médico aos primeiros sintomas”, afirma.
Pelo menos inicialmente, ele não acredita que estejam ocorrendo falhas de atendimento. "Mesmo entre os que são atendidos precocemente, alguns já chegam com indícios de gravidade. Eu diria que as mortes dependem mais da resposta inflamatória individual, que é mais intensa em pacientes idosos ou com problemas cardíacos e pulmonares, por exemplo. Muitas vezes, a causa da morte é uma doença de base, que é agravada pela dengue.”
Segundo ele, para confirmar essa hipótese, seria preciso realizar amplos estudos comparativos sobre as características individuais das pessoas que morreram em decorrência da dengue em várias regiões.
Ranking de casos por estado
1 | SP | 401.564 |
2 | GO | 63.203 |
3 | MG | 60.838 |
4 | PR | 40.203 |
5 | PE | 24.340 |
6 | RJ | 22.484 |
7 | CE | 20.913 |
8 | BA | 20.746 |
9 | RN | 12.394 |
10 | MS | 12.125 |
11 | AC | 8.413 |
12 | TO | 6.585 |
13 | MT | 6.434 |
14 | PB | 5.427 |
15 | PA | 4.822 |
16 | ES | 4.750 |
17 | SC | 4.320 |
18 | MA | 4.092 |
19 | AL | 4.055 |
20 | DF | 3.578 |
21 | PI | 2.856 |
22 | SE | 2.768 |
23 | AM | 2.751 |
24 | RO | 2.201 |
25 | RS | 1.837 |
26 | AP | 1.748 |
27 | RR | 510 |
Com Agência Estado.