O secretário-executivo de Coordenação de Governo da Prefeitura do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Teixeira, declarou que o prédio em São Conrado, na zona sul, onde ocorreu uma explosão na manhã desta segunda-feira, 18, estava com autovistoria em dia, feita há seis meses. "Tudo indica que foi uma explosão causada por algum vazamento de gás, pela ausência de incêndio e pelas características da explosão", afirmou Teixeira. Entretanto, peritos da Polícia Civil ainda vão determinar, em laudo, as causas do incidente.
O secretário afirmou também que a Secretaria Municipal de Conservação vai retirar entulhos do 8º ao 11º andar, onde será realizado ainda um trabalho de escoramento das paredes. A Defesa Civil Municipal informou que por volta das 16h desta segunda-feira os moradores serão autorizados a entrar nos apartamentos para retirada de objetos pessoais. A liberação para que voltem em definitivo ao local, entretanto, sairá, segundo previsão da Prefeitura, daqui a dois dias.
Explosão
A explosão ocorreu por volta das 5h40 na cozinha do apartamento 1001, onde morava o alemão Marcus Bernard Muller. Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas após a detonação que destruiu parte do prédio de 19 andares e 72 apartamentos, localizado na Rua General Olímpio Mourão Filho. Os destroços caíram no playground do prédio, perto da piscina. Os andares mais afetados foram o 10º e o 9º.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o alemão foi levado para o Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, em estado grave. O filho de Muller e uma mulher, cujo grau de parentesco com a vítima não foi informado, acompanharam o paciente ao hospital, de acordo com funcionários da unidade. Moradores afirmaram que Miller trabalhava em uma construtora, morava sozinho e "vivia viajando".
Uma moradora, uma senhora ainda não identificada, precisou ser atendida no momento em que moradores deixavam o prédio. Levada também para o Hospital Miguel Couto, ela passa bem. Outros dois moradores foram atendidos no local após passarem mal e liberados em seguida.
O prefeito Eduardo Paes, que visitou o prédio atingido, afirmou que há chance da explosão ter sido provocada por um vazamento de gás. "Isso tem que ser investigado e apurado", disse.
Em reunião, o prefeito informou aos moradores que o entulho acumulado no 8º andar - vindo da cozinha dos dois andares superiores, deve ser retirado com urgência para não comprometer a estrutura do prédio, que, segundo a Defesa Civil Municipal, não foi abalada com a explosão.
Segundo relatos de moradores, o impacto se assemelhou à sensação de um "terremoto". Alguns pensavam que se tratava de uma explosão nas obras de extensão do metrô, próximas ao local. A arquiteta Elizabeth Rego Monteiro, de 60 anos, acordou com a explosão. "A janela do meu quarto foi parar em cima da minha cama", relatou. "Achei que era explosão no posto". Ela teve tempo apenas de se vestir, pegar a bolsa com documentos, o cachorro de estimação e descer. Moradora do 1301, ela conta que os apartamentos mais afetados ficavam na mesma coluna do 1001, onde houve a explosão.
"Nossa vistoria prévia está absolutamente em dia. Fatalidade é uma coisa que você não pode prever", declarou o síndico Jorge Alexandre de Oliveira, de 68 anos e há dois na função.
Segundo ele, moradores não relataram nenhuma anormalidade ou cheiro de gás nos apartamentos pouco antes da explosão. Alguns dos residentes do prédio, assustados com o barulho da explosão, deixaram o local vestindo pijamas ou roupões de banho.
Moradora do 7º andar do edifício, Renata Mesquita, de 38 anos, teve tempo apenas de vestir um roupão por cima da camisola e pegar o celular. "Olhamos pela janela e vimos muitos escombros. Descemos correndo pelas escadas. Foi muito pânico e terror", disse. Na correria, Renata, o marido e a filha de 13 anos não conseguiram pegar os dois gatos de estimação que estavam presos na cozinha. Os animais foram resgatados depois pelo Corpo de Bombeiros.
Grande parte dos escombros foi projetada para a área do prédio vizinho. As áreas do parque infantil e da piscina estão tomadas por fragmentos de concreto e vidro. Pedaços de uma máquina de lavar louça e de um aparelho de ar condicionado também caíram no local.
"Seria uma tragédia muito maior se fosse em outro horário com maior movimento", afirmou Fernando Coelho, 57 anos e síndico do prédio vizinho há oito anos. Segundo Coelho, embora o edifício não tenha sido interditado pela Defesa Civil e pelo Corpo de Bombeiros, muitos moradores estão receosos.