Somados os casos consumados e as tentativas de homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte) e lesão corporal, foram registradas 660 ocorrências com uso de facas ou objetos cortantes de janeiro a abril de 2015.
Na capital, o número de feridos por armas brancas caiu 12% nos quatro primeiros meses do ano em relação a igual período de 2014. De janeiro a abril de 2015, houve 167 feridos por facas ou objetos cortantes nas quatro maiores emergências, enquanto 190 vítimas foram socorridas pela mesma razão de janeiro e abril de 2014, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Os números foram divulgados em meio uma sequência de registros de ataques no Rio, como a do médico Jaime Gold, morto na manhã desta quarta-feira, 20.
"O grande vetor da violência continua sendo a arma de fogo. Se houvesse aumento dos crimes com arma branca, paradoxalmente, seria um avanço, um indicativo da dificuldade dos criminosos de ter acesso a armas de fogo", disse o sociólogo Ignácio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Em 2014, as armas brancas foram usadas em 4,2% dos homicídios, 8,6% dos latrocínios e 1,6% das lesões corporais registradas, enquanto as armas de fogo representam 62,7% dos homicídios, 59,9% dos latrocínios e 1,7% das lesões corporais, de acordo com o ISP.
Para o chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso, porte de arma branca não configurar crime facilita a ação criminosa. "A pessoa que comete crime não quer ser capturada. Se for surpreendido portando arma de fogo, vai ser apreendido. Se estiver com arma branca, não é apreendido", disse à rádio CBN.
O presidente da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio, Breno Melaragno, defende debate sobre a criminalização do porte de facas.