"O organismo dele entrou em choque. Com um quadro desses, há riscos de insuficiência renal e infecções. É difícil prever quando ele irá se recuperar, mas ele tem chances de sobreviver", disse Essinger. Depois de passar cerca de 24 horas no Miguel Couto, Müller foi transferido para o Hospital Estadual Pedro II. Até o início da noite, ele seguia em coma induzido e respirando com a ajuda de aparelhos.
Na a explosão, Müller teve 50% do corpo queimado, principalmente no rosto, pescoço, tórax e abdômen, além de sinais de chamuscamento nas vias aéreas e uma lesão pulmonar, causada possivelmente pela inalação de fumaça.
De acordo com Essinger, o alemão também apresentava seis a oito cortes longitudinais e cinco perfurações pequenas no tórax, do pescoço até a altura do umbigo, além de cortes paralelos e longitudinais na parte interna dos braços, da altura do cotovelo até o punho. "O que mais chama a atenção é o fato de serem cortes longitudinais e paralelos. Durante a cirurgia, não foi detectado nenhum fragmento de vidro ou reboco que indicasse que esses cortes foram provocados por estilhaços.
Segundo Essinger, Müller afirmou diversas vezes durante o atendimento que tinha sido atacado por um homem, que teria entrado no apartamento exigindo um relógio Rolex dourado e dinheiro. "Ele chegou acordado, muito agitado, o que é normal em situações de trauma, e repetiu diversas vezes: tem um homem querendo me matar", disse.
Para o médico, há a possibilidade de o próprio Müller ter provocado os cortes e toda a história contada por ele ter sido um delírio. "Informamos à polícia que o paciente chegou contando essa história, mas jamais dissemos que era verdadeira. Cabe aos peritos avaliar o que realmente aconteceu.".