Anúncios da campanha "Da proibição nasce o tráfico" com peças de cartunistas renomados, como Laerte e Angeli, foram proibidos de serem veiculados em ônibus que circulam na capital paulista. De acordo com a socióloga e coordenadora da campanha, Julita Lemgruber, a ordem para a retirada das artes do busdoor partiu do governo estadual e ocorreu dois dias após o início da circulação sob a alegação de que a mensagem seria uma apologia às drogas.
“A gente esclareceu que em nenhum momento estamos fazendo apologia. Estamos apenas denunciando o fracasso de uma guerra que só traz violência”, explicou Julita. Ela informou que o caso será levado à Justiça. O objetivo da campanha é que, a partir das mensagens dos cartuns, o público busque entender melhor os interesses – políticos e econômicos – que permeiam a atual política de combate às drogas.
A divulgação da obra dos cartunistas já circulou por um mês no Rio de Janeiro. A proposta era que o mesmo ocorresse em São Paulo. Julita explica que a campanha surgiu após uma pesquisa feita com 2 mil pessoas na capital fluminense, que mostrou grande falta de informação sobre o tema. Para aprofundar o debate, a iniciativa mantém uma página na internet .
A campanha aborda as mortes causadas pela proibição do consumo de drogas e os interesses comerciais ligados à repressão.
A Agência Brasil procurou a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), que não quis se pronunciar. A empresa estadual disse apenas que o erro em permitir a veiculação foi do Consórcio Intervias, cujos ônibus receberam os anúncios. De acordo com a EMTU, a Intervias descumpriu uma cláusula do contrato com o governo, mas não detalhou a cláusula.
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM), a qual a EMTU está ligada, esclareceu que o contrato prevê restrições de temas em relação à venda de conteúdo publicitário nos coletivos. O Consórcio Intervias, por fim, não disponibilizou o contato do responsável e não retornou ao pedido feito por e-mail..