Não serão beneficiados pelo imunizante os idosos, grupo que, segundo dados inéditos do Ministério da Saúde, concentra 60% das mortes - 172 casos até o dia 9 de maio. O processo de envelhecimento do organismo e a frequente presença de doenças crônicas fazem deles os pacientes mais vulneráveis.
A condição clínica do idoso também impede, por uma questão de segurança, que ele participe dos primeiros testes clínicos de um imunizante. Sem estudo específico, ele não pode receber a vacina até que fique comprovado que não trará riscos à saúde. A mesma lógica vale para outras populações vulneráveis, como crianças com menos de 2 anos, gestantes e portadores de doenças crônicas.
Nem a vacina do laboratório francês Sanofi Pasteur nem a do Instituto Butantã, as mais adiantadas, foram testadas na faixa etária acima de 60 anos. "Toda vez que você registra uma vacina, se ela é preventiva, você habitualmente trabalha com populações saudáveis. Posteriormente ao registro, você começa a fazer estudos em populações específicas, para ver como ela atua em diabéticos, hipertensos. Os idosos são uma dessas populações que só poderiam ser vacinadas posteriormente", explica Alexander Precioso, diretor de ensaios clínicos do Instituto Butantã.
"Como a vacina tem vírus ativo, não podemos correr o risco de testá-la inicialmente em idosos, que já têm um organismo mais frágil. Quando aprovada, ela será indicada para pessoas saudáveis. O uso em outros grupos precisaria de mais estudos", diz Lúcia Bricks, uma das diretoras médicas da Sanofi.
Prazo
Em processo de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina da empresa francesa foi testada apenas em crianças e adolescentes entre 2 e 16 anos e sua indicação deverá ser voltada principalmente para essa faixa etária, segundo Lúcia. Testada em 40 mil pessoas em 15 países, o produto da Sanofi Pasteur tem eficácia de 60,8% na redução de notificações de dengue e conseguiu diminuir em 95,5% o número de casos graves.
Já a vacina do Butantã ainda precisa passar pela fase 3 de testes clínicos, última etapa da pesquisa, que será realizada com 17 mil pessoas. Nesse estágio, o instituto vai testar o imunizante em pessoas de 2 a 59 anos. O instituto aguarda a liberação da Anvisa para o início dessa fase. A estimativa de Precioso é de que isso ocorra em agosto. Os resultados da fase 3 e a solicitação de registro na Anvisa ficarão para 2016, se os resultados de eficácia forem o esperado. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.