Os ícones religiosos presentes na 19ª Parada do Orgulho LGBT estenderam a discussão sobre tolerância e religião para além do dia do evento. A manifestação foi simbolizada principalmente pela modelo transexual Viviany Beleboni, que desfilou crucificada em cima de um trio elétrico no último domingo. "Representei todas as mortes e agressões que vêm acontecendo contra a classe LGBT", justifica Viviany por meio de redes sociais. A modelo acredita ser esta a realidade vivida pela comunidade no país.
O deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) criticou o ato, que classificou como "cristofobia", nas redes sociais. Já o diretor da Associação Brasileira de LGBTs no Centro Oeste, Evaldo Amorim, defendeu Viviany: "Infelizmente, não foi bem entendido". "Assim como Jesus foi crucificado e apedrejado, nós, LGBT, também somos por movimentos fundamentalistas religiosos que contaminaram o Congresso e assembleias legislativas", explica.
Amorim acrescenta que o intuito foi provocar o debate e alertar sobre a violência que atinge pessoas homo, bi ou transexuais, além de travestis. Viviany relata em texto no Facebook que recebeu ameaças de morte após o desfile. O Brasil é o país onde mais ocorrem assassinatos de travestis e transexuais. As informações são da ONG Transgender Europe. O jogador de futebol Léo Moura, atualmente do Fort Lauderdale Strikers, dos Estados Unidos, também criticou o ato. "Quem fez isso trate de pedir perdão a Jesus...", escreveu o ex-atleta rubro-negro.
Ele afirma ainda que tem muitos amigos gays e que respeita a opção de cada um. Outros usuários das redes sociais usaram o espaço para defender a ação de Viviany. A Parada do Orgulho LGBT reuniu 20 mil pessoas na Avenida Paulista, segundo estimativas da Polícia Militar. Com o tema "Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim, respeitem-me!", o evento contou com a participação das atrizes Natasha Lyonne, Uzo Aduba e Samira Wiley, todas do seriado Orange is the new black. Valesca Popozuda, Marta e Eduardo Suplicy também estiveram presentes.