A imagem de uma transexual crucificada na 19ª Parada Gay de São Paulo provocou polêmica entre religiosos e defensores dos direitos LGBTs. A atriz e modelo Viviany Beleboni, 26 anos, desfilou neste domingo, com uma placa onde se lia “basta homofobia”, no trio elétrico da organização não governamental Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual (ABCDS). Personalidades evangélicas consideraram a manifestação ofensiva. Já a ONG e a artista responsável pela performance alegam que o intuito não era criticar qualquer religião, mas chamar a atenção para crimes de homofobia no país. O evento paulista é considerado um dos maiores do mundo e reuniu mais de 2 milhões de pessoas neste fim de semana, segundo estimativa dos organizadores.
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De acordo com Viviany Beleboni, a intenção não foi afrontar religiosos, mas alertar a população sobre crimes de violência contra a população LGBT e mostrar o estado em que ficam as vítimas de homofobia e transfobia. “Uma amiga minha travesti morreu há cinco dias. Ela levou quatro tiros na rua e eu tenho vários amigos que sofrem preconceito. Eu inclusive fui colocada para fora de casa”, conta. A atriz e modelo trabalha com performances desde os 18 anos e participou da parada outras vezes. Ela conta que tem uma marca na cabeça de agressões que sofreu na escola e que ontem chegou a receber ameaças de morte por telefone.
Em 2014, foram registradas 1.013 denúncias de homofobia pelo Disque 100, serviço da Secretaria de Direitos Humanos. São Paulo é o estado com maior número de casos. Foram 150, o equivalente a 24,68% do total no país. Marcelo Gil, da diretoria de denúncias da ABCDS, lembra que muitos casos ficam sem solução, como o jovem morto no banheiro do metrô Jabaquara em setembro do ano passado. “As travestis são violentadas, agredidas e exterminadas. Quando você pega um crime de homofobia e transfobia, os requintes de crueldade são os piores”, afirma. Um projeto de lei que tornava esses atos crime foi arquivo no Senado em janeiro. Agora uma das opções é votar uma proposta da deputada Maria do Rosário (PT/RS) que tipifica crimes de ódio e intolerância contra diferentes grupos.