Naquela noite, Amarildo foi conduzido por PMs à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha para averiguação e sumiu. A polícia concluiu que ele foi torturado e morto pelos PMs. Vinte e cinco policiais militares, todos da UPP da Rocinha, foram denunciados por tortura seguida de morte. Desses, 16 também respondem por ocultação de cadáver. A polícia civil fez diversas buscas na mata, mas nunca conseguiu encontrar o corpo de Amarildo.
As imagens obtidas pelo Ministério Público e divulgadas nesta segunda-feira, 22, pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, mostram que na noite de 14 de julho quatro caminhonetes do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) foram até a UPP. A presença dos policiais desse batalhão de elite já era conhecida - o então comandante da UPP, major Edson Santos, um dos condenados, chegou a declarar durante a investigação do caso que chamara o reforço do Bope por medo de um ataque de traficantes.
A novidade é que os policiais desligaram o GPS (equipamento que permite monitorar o trajeto feito pela viatura) de uma das caminhonetes do Bope - o aparelho só voltou a funcionar 58 minutos depois. Ao sair da sede da UPP, esse veículo trazia em sua carroceria, além de quatro policiais, um volume que pode ser o corpo de Amarildo.
As imagens da primeira câmera que registra o trajeto de volta das caminhonetes não são nítidas, mas foram cuidadosamente tratadas a pedido do Ministério Público do Rio.
Uma segunda câmera registra a passagem das caminhonetes em um trecho bem mais à frente, no trajeto de saída da UPP. Nesse momento, conforme as imagens, já não há mais policiais na caçamba nem é possível identificar o volume. Mas entre a primeira e a segunda câmera, segundo o GPS de outra camionete do comboio, os veículos pararam num ponto cego (não alcançado por nenhuma câmera) durante cerca de dois minutos. Uma hipótese investigada pelo Ministério Público é que o volume tenha sido descartado ali. Outra possibilidade é que ele tenha sido rearranjado na caçamba, ficando num lugar menos visível - sob um banco que existe na carroceria, por exemplo.
O Ministério Público continua tratando imagens, com o objetivo de aprimorá-las, e vai cobrar uma explicação da Polícia Militar a respeito do volume na caminhonete..