"Cesarianas eletivas devem ser marcadas para datas somente depois deste período", defende o médico ginecologista José Hiran Gallo, representante do CFM e conselheiro do Conselho Regional de Medicina de Rondônia.
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) já recomenda que cesáreas eletivas (feitas pela escolha da gestante) sejam marcadas somente depois das 38 semanas. No entanto, muitos profissionais, com medo de que a mulher entre em trabalho de parto antes deste período, preferem antecipar a data da cirurgia.
O resultado é que, além de ser campeão mundial de cesáreas, o Brasil enfrenta um aumento expressivo do número de bebês nascidos prematuramente. As taxas chegam a 12%, uma das mais altas do mundo.
Consequências
O fenômeno, além de aumentar o risco para bebês e para gestantes, resulta em um impacto importante para os custos em saúde.
Em 2013, 84,5% dos partos realizados no sistema de saúde suplementar foram por meio de cesárea. Em 2004, o porcentual era de 74%.
Na rede pública, o indicador é menor (40%), mas também está muito acima dos 15% que são recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Especialistas costumam atribuir a dificuldade do Brasil em reduzir os índices de mortalidade materna à indicação desnecessária desse tipo de procedimento em todo o País.
Gallo admite haver abusos na indicação de cesáreas no País. Mesmo assim, é contrário às regras anunciadas pelo governo no início do ano. "Precisamos melhorar o ensino, melhorar a infraestrutura dos hospitais", avaliou o médico. Ele admite que tais mudanças somente poderão ser alcançadas a médio prazo.
Infraestrutura
A análise de dados sobre cesáreas e bebês prematuros, no entanto, mostra que o problema é mais grave em regiões onde há maior infraestrutura hospitalar.
No Brasil, a frequência de bebês prematuros é mais alta nos Estados de São Paulo, Minas e Distrito Federal.
A prematuridade, que normalmente é um problema de classes mais baixas, está relacionada ao crescimento intrauterino e ao risco de pré-eclâmpsia. Mas, no Brasil, diferentemente do resto do mundo, ocorre entre mulheres de melhores condições financeiras e com maior acesso à saúde. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..