Brasília – A Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul vai abrir fiscalização para apurar ilegalidades na conversão de áreas do Pantanal em lavouras de soja. “Se alguém estiver dentro, vamos autuar”, garante a secretária de Meio Ambiente do Estado, Ana Luiza Peterlini.
As lavouras de soja e outros grãos, como o milho, até então restritas às áreas altas que circundam o Pantanal, desceram para a planície atraídas pelos baixos preços das terras e pela expectativa de criação da hidrovia Paraguai-Paraná. Especialistas alertam para a possibilidade de danos irreversíveis à região, que detém uma das maiores biodiversidades do mundo e é vital para a manutenção de criadouros naturais de peixes, para a purificação de grandes volumes de água e a para regulação dos regimes dos rios.
Um dos epicentros da expansão das lavouras no Pantanal está na região de Cáceres, principal município mato-grossense abrangido pelo bioma, onde a atividade encontra apoio da prefeitura e de grandes empresas dispostas a investir. Uma única empresa, a Grendene, divulga planos para produzir no município 40 mil toneladas de soja nos próximos anos, em propriedade de 45 mil hectares, onde a principal atividade é a criação de gado. Cáceres detém o maior rebanho bovino do estado – cerca de 1 milhão de cabeças – de acordo com estudo do economista Sérgio Schlesinger. A expansão das lavouras de soja se dá justamente sobre áreas de pasto degradadas, segundo os produtores.
É para a região de Cáceres, também, que está prevista a construção do porto de Morrinhos, vinculado à implantação da hidrovia, que possibilitará a saída de grandes comboios para o Sul em direção à bacia do Rio da Prata. Para o trecho entre Corumbá e Cáceres estão previstas obras para permitir a navegação de embarcações de maior calado: dragagens, regularização do leito do rio, retirada de rochas e modificações no canal natural do rio. As intervenções podem causar impactos como o aumento da velocidade das águas e alterações no pulso de inundação do Pantanal.