Rio, 01 - O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, admitiu que a alteração da cena de morte do jovem Eduardo Felipe dos Santos Victor e sua provável execução por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Providência, no centro do Rio, "abala a credibilidade" do processo de pacificação. Beltrame disse que considerou a ação dos PMs, flagrada em vídeo por uma testemunha, "um ato totalmente desastroso" e "bárbaro" e que os cinco agentes serão expulsos da corporação.
"A maneira que eu tenho de me desculpar com a população do Rio de Janeiro é colocando essas pessoas na rua. Não há outro tipo de alternativa ou de atitude a ser tomada. Vamos colocá-los na rua de maneira rápida, através de um processo administrativo. Essas pessoas não são dignas de participar de um projeto que está salvando vidas", disse.
Beltrame disse que nesta quarta-feira, 30, foi ao Quartel Central da PM e pediu agilidade na investigação administrativa do episódio. Os cinco PMs, presos desde terça-feira, no Batalhão Prisional, em Benfica (zona norte), respondem também a inquéritos civis, que investigam a fraude processual e a morte do adolescente.
Mesmo com a gravidade do caso, Beltrame disse que o projeto das UPPs "segue adiante". Quando viu o vídeo pela primeira vez, pensou se tratar de uma "cena absurda". "É uma cena absurda, uma cena intolerável. Inadmissível isso conviver com um processo de pacificação", declarou.
Ironicamente, dois dias depois do caso, Beltrame participou, na manhã desta quinta-feira, 01, de uma cerimônia de premiação de policiais de UPPs, oferecida pelo Instituto Mudando o Final. Na cerimônia, menções a casos como a morte de Eduardo Victor não apareceram. Em vez delas, muitos elogios eram tecidos aos policiais. Os dois únicos comandantes de UPPs premiados foram o capitão Alexandre Lima Ramos, da UPP Alemão, e o capitão Jean Carlos Sanches, da Vila Cruzeiro. As duas comunidades, na zona norte, sofrem com constantes tiroteios entre PMs e traficantes.