O empresário Wagner Canhedo Filho foi preso no início da manhã desta sexta-feira pela Polícia Federal, em Brasília, investigado pelos crimes de fraude à execução, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A prisão foi determinada pela Justiça, depois de pedido do Ministério Público Federal (MPF).
Em maio, Canhedo Filho, principal gestor do grupo Canhedo, que atua nos setores de hotelaria e de transportes em Brasília, foi preso em flagrante por porte ilegal de armas, na Operação Patriota, deflagrada PF e pela Procuradoria da Fazenda Nacional. A operação desarticulou um esquema de fraude fiscal superior a R$ 875 milhões. O Núcleo Criminal do MPF investiga o caso desde o ano passado. Na ocasião, Canhedo Filho pagou fiança e foi liberado no mesmo dia.
Em nota, o MPF informou que, com a prisão do empresário, os investigadores pretendem garantir “o fim de práticas adotadas com o propósito de impedir a execução de dívidas tributárias” por parte dos gestores do Grupo Canhedo. Na década de 1990 a família Canhedo comprou a Viação Aérea São Paulo (Vasp), que decretou falência em 2008, com dívidas superiores a R$ 1,5 bilhão.
Na Operação Patriota, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Procuradoria da Fazenda Nacional identificaram que empresas de fachada eram usadas pelos gestores do Grupo Canhedo para ocultar o faturamento das empresas em débito com a Receita Federal.
Naquele momento, a suspeita era a de que Canhedo Filho usava empresas fantasmas, abertas em nomes de laranjas, para movimentar o dinheiro arrecadado pelo complexo empresarial, impedindo, dessa forma, o cumprimento de execuções fiscais. A apuração já identificou pelo menos seis empresas que teriam sido usadas na prática.
Em agosto, os investigadores reuniram novas informações que revelaram que o empresário mantém a prática criminosa. “Canhedo Filho migrou seu esquema para a utilização de outras empresas, até então não conhecidas e também não atingidas pelos bloqueios judiciais, no âmbito da Execução Fiscal, dentre as quais seguramente a Cooperativa de Transportes Alternativos e Autônomos do DF”, afirmou o MPF no pedido de prisão enviado à Justiça.
De acordo o com MPF, no dia 28 de agosto, o empresário sacou mais de R$ 1,2 milhão de uma conta bancária em nome da Cooperativa que, anteriormente, havia recebido depósitos vultosos da principal empresa do grupo.
Além da prisão, também foi solicitado que o empresário seja proibido de deixar o país. Os investigadores justificam que diante do “robusto” poder econômico, o risco de fuga é “inafastável”, o que poderia colocar em risco a aplicação da lei penal..