São Paulo, 01/11/2015, 01 - Cartão-postal da cidade de São Paulo, a Catedral da Sé, na região central, amanheceu ontem tomada por pichações favoráveis ao aborto, após ato realizado contra o Projeto de Lei 5.069/2013, de autoria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A proposta dificulta o acesso ao aborto legal às vítimas de estupro. Padres que administram o templo repudiaram o ato de vandalismo.
Frases como se o papa fosse mulher, o aborto seria legal e tire seus rosários dos meus ovários estavam entre as pichações. No início da noite de anteontem, a manifestação contra o projeto começou na Avenida Paulista e terminou por volta das 21h30 na Praça da Sé. A Polícia Militar informou que 3 mil pessoas participaram do ato, enquanto a organização do evento estimou 15 mil.
Segundo nota divulgada pela Arquidiocese de São Paulo, as pichações foram feitas após o término do ato. Portas e paredes foram pichadas. Diariamente entram na Catedral centenas de pessoas de culturas e credos variados que são acolhidas fraternalmente. Por isso, lamentamos e repudiamos a pichação ocorrida na noite de 30 de outubro último, informou a Igreja, em nota assinada pelo padre Luiz Eduardo Baronto, cura da Catedral Metropolitana, e pelo padre Helmo César Faccioli, auxiliar do cura.
Provocação.
Uma das organizadoras do protesto, a programadora cultural Jaqueline Vasconcellos disse que o ato não representa o pensamento da manifestação. Mas entendemos e nos solidarizamos com as mulheres que se manifestaram contra a instituição. Entendemos que a Igreja Católica é um instrumento do patriarcado, afirmou. Jaqueline disse, porém, que não é contra nenhuma religião.
Um boletim de ocorrência foi registrado no 8.º Distrito Policial (Brás) no fim da tarde de ontem. Até as 20h50, ainda não havia informações sobre a identificação de autores das pichações nem prisões. A limpeza das paredes e portas da Catedral da Sé está prevista para ser realizada hoje.
O Estado de S.Paulo..