Belo Horizonte, 19 - O Ministério Público Estadual de Minas Gerais (MPE-MG) poderá pedir a prisão do presidente da mineradora Samarco, Ricardo Vescovi, pelo desabamento das barragens da empresa no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana. Até o momento foram confirmadas sete mortes na tragédia. Doze pessoas estão desaparecidas. Vescovi conseguiu habeas corpus preventivo no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES) para que não seja preso pelo desastre.
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Presidente da Samarco consegue habeas corpus preventivo para não ser presoJustiça Federal dá prazo de 24 horas para Samarco impedir que lama chegue ao litoral MP vai analisar todos os processos de licenciamento de barragens em MinasQuestionado sobre a possibilidade de pedir a prisão do representantes da Samarco, o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador do Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais do MPE-MG afirmou que "no momento nenhuma hipótese pode ser descartada". O inquérito que apura as causas do acidentes deverá ser concluído no início de dezembro. As linhas de investigação se concentram em falhas na gestão e monitoramento das barragens pela Samarco e no processo de concessão de licenças ambientais e fiscalização pelo poder público.
O promotor voltou a afirmar que já há indícios de negligência por parte da Samarco. Nesta quinta-feira, 19, o MPE ouviu depoimentos de moradores de Bento Rodrigues. O objetivo foi saber se a mineradora colocou em andamento plano de evacuação da área depois do rompimento das barragens.
História O MPE vai exigir que a Samarco recupere peças sacras de igrejas de Bento Rodrigues que, hoje, conforme a Promotoria, está sob a lama no distrito. Um relatório será entregue no máximo até esta sexta, 20, à mineradora, que deverá ser investigada por crime ao patrimônio histórico. Uma das primeiras medidas a serem exigidas da empresa na busca pelas peças é o isolamento da área próxima às duas capelas do distrito. Uma, a de São Bento, foi completamente destruída pela lama que invadiu a cidade. A outra, de Nossa Senhora das Mercês, ficou isolada e corre o risco de também desaparecer caso a terceira barragem se rompa. Os dois templos são do século XVIII.
Com a ajuda de técnicos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o MPE conseguiu resgatar 260 peças da capela de Nossa Senhora das Mercês, incluindo imagens, cálices, castiçais, sinos e instrumentos litúrgicos. O acervo foi enviado temporariamente para a reserva técnica do Museu de Arte Sacra de Mariana.
"É a maior tragédia em relação ao patrimônio histórico até hoje", afirmou o promotor Marcos Paulo de Souza Miranda, coordenador da área de patrimônio histórico, cultural e turístico do MPE-MG.