Brasília, 20 - Numa reação à epidemia de microcefalia no Nordeste e diante do receio de que os casos se espalhem para outros Estados, o governo vai reativar o Grupo Executivo Interministerial, o mesmo que entrou em ação durante a Pandemia da Gripe A. A equipe, formada por integrantes de vários ministérios, incluindo Saúde, Defesa, além da Secretaria Geral da Presidência da República, vai preparar um plano de enfrentamento para prevenção e controle da microcefalia. A primeira reunião está prevista para a próxima semana. Entre as ações previstas estão a limpeza urbana, combate ao mosquito e treinamento de pessoal.
A intenção é a de que seja mais do que um grupo de trabalho. Articuladores da força-tarefa pleiteiam autonomia para editar medidas, liberar recursos e organizar esforços tanto para combate ao Aedes aegypti, vetor do principal suspeito da má-formação, o zika vírus, quanto para diagnosticar casos e tratar os bebês.
As previsões não são as mais otimistas. Embora o Levantamento de Infestação Rápida de Aedes aegypti não esteja concluído, o governo estima ser considerável o número de focos do mosquito no País. Há ainda várias regiões com seca e racionamento de água no Nordeste. Nesses casos, há uma tendência de as pessoas manterem depósitos em casa, um ambiente perfeito para proliferação do mosquito.
Crianças com a má-formação nascem com a cabeça com circunferência menor do que 33 centímetros. O cérebro dos bebês também trazem deformações que, de acordo com o grau, podem levar à deficiência mental, auditiva, visual, locomotora e epilepsia. Até agora, foram registrados no País 399 bebês nascidos com o problema. A única ligação encontrada nos casos é o fato de que a maior parte das mães dos bebês apresentaram nos primeiros meses de gestação febre, coceiras e manchas pelo corpo.
Como revelou o jornal O Estado de S.Paulo, exames feitos no líquido amniótico de dois fetos identificaram a presença do zika vírus. O Ministério da Saúde admitiu que o achado era mais do que uma simples coincidência. Embora as evidências sejam muito fortes, a pasta preferiu adotar uma postura mais cuidadosa e somente afirmar de forma categórica que a doença é provocada pelo zika depois de estudos complementares.
O zika chegou ao Brasil no início deste ano, provocou epidemia no Nordeste e está presente em 14 Estados, incluindo São Paulo e Rio.