Brasília, 24 - O Ministério da Saúde atualizou o número de casos suspeitos de microcefalia no Brasil: são agora 739 casos, que ultrapassaram a barreira do Nordeste e chegam ao Centro-Oeste. O maior número de notificações ocorreu em Pernambuco: 487 registros. Em seguida, vem Paraíba (com 96), Sergipe (54), Rio Grande do Norte (47), Piauí (27), Alagoas (10), Ceará (9), Bahia (8) e Goiás (1).
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou nesta terça-feira, 24, que a chance de a zika ser responsável pela epidemia de nascimento de bebês com microcefalia é de 90%. "Estamos prestes a dizer de forma peremptória e definitivamente de que esse aumento é provocado pela infecção das mães pelo vírus", disse Castro.
Na próxima semana, deve desembarcar no País uma equipe de pesquisadores para tentar avaliar a situação. O grupo deverá contar com a participação de um pesquisador do Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O ministro disse ser indispensável redobrar os esforços para acabar com mosquito Aedes aegypti, transmissor da zika, da dengue e da chikungunya. Levantamento feito pelo governo em 1.792 cidades mostra que quase metade delas (864) está em situação de alerta ou de risco para as doenças, em razão do alto número de criadouros do mosquito.
O governo não descarta a possibilidade de pedir auxílio do Exército para o combate ao vetor. Nesta semana, será lançada uma campanha para o combate ao mosquito. A estratégia mudou. Em vez do Dia D, a campanha procura enfatizar a necessidade de uma "faxina" semanal para busca e retirada de focos do mosquito.
A medida conta com um complicador: o fato de que, em várias regiões do País, a maior parte dos focos do mosquito está relacionada a depósitos de água - uma estratégia necessária nos casos de falta de abastecimento e racionamento.
"É um desafio a mais. Uma mostra de que o problema tem de ser resolvido em vários setores, além da saúde", disse o coordenador do Programa de Controle de Dengue, Giovanini Coelho.
O ministro descartou o uso a curto prazo de mecanismos que estão atualmente em fase de pesquisa, como mosquitos transgênicos e mosquitos infectados por uma bactéria, a Wolbachia.
"São estratégias promissoras. Mas não há no momento informações suficientes para que elas sejam colocadas em prática", concordou Coelho.