Paris, 03 - Um mês depois da tragédia ambiental na cidade de Mariana, em Minas Gerais, o prefeito do município, Duarte Júnior (PPS), pediu nessa quinta, 3, em Paris, apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a outras entidades da comunidade internacional para que auxiliem na reconstrução da cidade e de sua imagem. Discursando em um evento paralelo à 21ª Conferência do Clima (COP-21) das Nações Unidas, Duarte Júnior prometeu ainda diversificar a economia da cidade, até aqui dependente da mineração.
O evento aconteceu na embaixada do Brasil em Paris, na véspera de um encontro de prefeitos de todo o mundo implicado no combate às mudanças climáticas. O prefeito afirmou que pretende candidatar Mariana a Patrimônio Histórico da Humanidade da Unesco. O título, entende Duarte Júnior, ajudaria o município em sua reconstrução, incrementando o turismo e diversificando a economia da cidade.
O prefeito entende que é hora de reduzir a dependência econômica do município, que até agora tinha como maior fonte de recursos os impostos arrecadados a partir dos trabalhos de mineração da Samarco, responsável pela barragem que se rompeu, causando o maior desastre ambiental da história do Brasil, deixando 11 mortos e 8 pessoas desaparecidas. "Mais de 80% da nossa arrecadação vem da mineração", lembrou o prefeito. "Não sou contra a mineração, nem quero fechar a mineração", explicou. "Mas temos de entender que a mineração é um parceiro que em determinado momento vai terminar, porque é finito."
De acordo com o prefeito, chegou o momento de usar o desastre ambiental para projetar o futuro da cidade sem a mineração. "Temos de nos preparar para deixarmos de ser tão dependentes", alegou.
Em entrevista à Radio France Internationale (RFI), o prefeito brasileiro elogiou a Samarco por sua atuação no passado, em projetos de tratamento de água e na construção de escolas, por exemplo. Mas, segundo o prefeito, não se pode fechar os olhos a uma tragédia que poderia ter sido ainda mais devastadora. "Quando se fala de vidas, não se pode errar. Se tivesse ocorrido à noite, teríamos perdido 600 pessoas", afirmou, referindo-se ao rompimento da barragem.
Embora não tenha nenhuma relação direta com mudanças climáticas, foco central das discussões da COP-21, em Paris, o desastre de Mariana foi um dos temas abordados pela presidente Dilma Rousseff em seu discurso na abertura da conferência, na última segunda-feira..