O ano de 2015 termina de forma melancólica com a destruição pelo fogo de um dos mais importantes patrimônios do país: o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Um simples curto-circuito, em razão de uma troca de uma lâmpada, pode ter sido a causa do incêndio que destruiu praticamente toda a edificação de 1901, localizada na Praça da Luz, com três pavimentos e uma área de 4,3 mil metros quadrados. Todo o prédio foi afetado pelo fogo e pela fumaça e terá que ser reconstruído.
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Desde 2006, Museu é espaço para valorizar a língua portuguesaIncêndio de grandes proporções atinge o Museu da Língua Portuguesa, em São PauloIncêndio no Museu da Língua Portuguesa fecha Estação da LuzMuseu da Língua Portuguesa pode voltar menorO museu funcionava há nove anos sem o auto de vistoria dos bombeiros e o alvará de funcionamento da Prefeitura de São Paulo. O secretário estadual de Cultura, Marcelo Mattos Araujo, afirmou que o prédio tinha os equipamentos de segurança necessários, mas confirmou a ausência do alvará. “A questão do alvará é complexa porque o museu está em um prédio histórico e compartilhado com a Estação da Luz. O alvará é único para esse grupo, estação e museu. Na parte do museu não existe alvará, mas existem projetos que foram apresentados para os Bombeiros e foram implantados”, explicou.
O laudo preliminar do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), elaborado a pedido da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), aponta que a Estação da Luz terá que receber obras de contenção para garantir a segurança dos cerca de 300 mil passageiros que circulam diariamente pelo local. Segundo Milton Persoli, coordenador municipal da Defesa Civil da capital, só com as intervenções é que órgão vai liberar a passagem de usuários do sistema metroferroviário. Persoli acredita que, pela característica do tipo de obra, a intervenção deva ser “razoavelmente” rápida.
Violência sem fim
O incêndio no museu foi o encerramento de um ano de muitos acidentes e também de muitas perdas provocadas pela violência.
No início de dezembro também, a violência policial voltou a chocar o Brasil, desta vez no Rio. Policiais Militares dispararam 111 tiros dos quais 63 atingiram o Palio branco onde estavam cinco jovens, nenhum com passagem pela polícia. Foram mortos Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20 anos, Wesley Castro Rodrigues, de 25, Cleiton Corrêa de Souza, de 18, Carlos Eduardo da Silva Souza e Roberto de Souza, ambos de 16. Mesmo desarmados, eles foram considerados suspeitos, mas apenas estavam comemorando o emprego novo de um dos amigos. O grupo foi surpreendido pelos quatro PMs na Estrada João Paulo, em Costa Barros.
Mas episódios violentos não foram protagonizados apenas pela polícia. Um crime bárbaro, ocorrido em 12 de maio também mobilizou os brasileiros em busca de respostas.
No ar e na pista Em março, a violência das rodovias do país ficou estampada nas manchetes com o acidente envolvendo um ônibus de turismo no Norte de Santa Catarina, que matou 51 pessoas. O veículo, que vinha de União da Vitória (PR), trafegava no sentido sul do litoral catarinense, pela rodovia SC-418, e caiu de uma ribanceira de 100 metros na Serra Dona Francisca, entre os municípios de Campo Alegre e Joinville. O ônibus seguia para um evento religioso em Guaratuba, no Paraná.
Longe do trânsito pesado das pistas, o filho do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin Thomaz Ackimin, de 31 anos, morreu na queda de um helicóptero em Carapicuíba, na Grande São Paulo, no dia 2 de abril. Morreram também o piloto Carlos Haroldo Isquerdo Gonçalves, de 53 anos, e os mecânicos Paulo Henrique Moraes, de 42, Erick Martinho, de 36, e Leandro Souza, de 34.
Racismo Outro fato que marcou 2015 foram as dezenas de denúncias de racismo, que atingiu desde anônimos até artistas, modelos e jornalistas. Um dos casos de maior repercussão foi registrado no dia 31 de março, quando um garoto negro, filho de um norte-americano de 42 anos, foi confundido por um segurança da loja Animale dos Jardins, em São Paulo, com um vendedor de rua.
No mês seguinte, outro menino negro, desta vez na rede King Burguer, foi constrangido por um segurança quando se servia um refrigerante, por não ver sua mãe que pagava um lanche no caixa. Em maio, também numa rede de fast food , um cliente foi filmado chamando um atendente da loja de “macaco”. Em julho, foi a vez da jornalista Maria Júlia Coutinho, ser chamada de negra e fedida por internautas. As agressões atingiram ainda as atrizes Sheron Menezes, Cris Vianna e Thaís Araújo e o jogador Aranha.
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